sábado, dezembro 06, 2008

Túnel do Tempo



“Bem que podia existir uma máquina do tempo, imagina a gente vendo esses caras ao vivo”, falou o Atleta, pirando no ponto máximo em que a trilha sonora, estrada em direção ao mar, nos envolveu. Era Led Zeppelin, uma banda fundamental para qualquer legítimo roqueiro. Existe som mais poderoso e belo para levar amigos de velhos tempos de volta em direção ao mar? Amigos que não viajavam juntos há anos [porque se encontrar só na praia, depois de trem viajado separados não tem o mesmo sentido]. Finalmente iam para a praia amada deles de novo. Surfar, zoar, sacanear um ao outro com as mesmas piadas e brincadeiras estúpidas de sempre. Podia mesmo existir a máquina do tempo. Ou apenas precisamos ter mais coragem para lembrarmos, sempre, dos velhos amigos.
Mas será que voltei ao passado mesmo? Chegando no nosso pico de sempre, outro velho amigo, o Mergulhador, estava lá nos esperando, com o mesmo super carro de sempre, com o mesmo sorriso maroto que eu logo desconfiei o que significava: brothers se reencontrando e em seguida, ele me sacaneando, como rolou quando vimos um surfista andando na praia com três gatas, “é, a vida é assim mesmo, o cara andando com três deusas e a gente trazendo o velhinho pra passear”... Na seqüência, claro que queria quebrar meus três velhos amigos, ainda mais pela velha risada histérica do Velho, misto de ironia, sarcasmo, maldade e sacanagem que aumentam qualquer gozação a níveis astronômicos.
Zueiras à parte, logo estávamos lá atrás, e nosso pico bombava como sempre, um metro pra mais perfeito. Bom, logo, é força de expressão, porque penei para varar a arrebentação com o pranchão de 9 pés [pqp, pra que fui acreditar no boletim das ondas, que previa merrecas...], assim como o Velho, que anda em forma da padaria do pai dele he he. Mas uma hora a gente chegou, e era um tal de um aplaudindo a onda do outro [e tirando o maior sarro nos caldos sinistros] que o tempo deu um rewind brutal [tá, esse “voltar pra trás” escrito em inglês ficou uma tremenda viadagem, podem zoar seus malas] e me vi anos atrás. Os mesmos caras, as mesmas ondas, o mesmo astral. O mesmo papo profundo com o Mergulhador, sentados em nossas pranchas esperando as ondas, lembrando viagens e aquelas mulheres inesquecíveis do nosso colégio...
O que mudou? Talvez nós mesmos, pelos caldos cabulosos que a vida nos pregou, especialmente aos mais velhos e parceiros mais antigos. E talvez tenha mudado também a amizade. Porque, por mais que os anos passem, ela só aumenta.
Marquem então a próxima session. Porque, por mais banal que seja o que eu vou dizer, a vida é uma onda, e o movimento ondulatório é algo que sempre retorna.
Como o sol, como o sorriso besta e tão bonito que estampou a alma desses irmãos depois de tanto tempo. Tanto tempo...
(26/07/2004)

Um comentário:

  1. Quanto tempo velho, quem dera ter mesmo uma máquina do tempo...

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