Antes a vida rolava como a letra dessa canção maravilhosa que o lado frio da comunicação virtual tenta matar:
You just call out my name,
and you know wherever I am
... all you have to do is call
... and soon I will be knocking upon your door
and I'll be there,
You've got a friend.
You've got a friend.
“É só chamar meu nome, você sabe onde posso estar, tudo o que tem que fazer é ligar que logo eu estarei batendo na sua porta. Eu estarei lá. Você tem um amigo.”
Caraca, onde se perdeu a visita surpresa, tão comum até os anos 90, em que o amigo de repente tocava a campainha de casa?
A canção parece ainda mais pré-histórica,
I'll come running to see you again.
Winter, spring, summer or fall,
all you go to do is call
Winter, spring, summer or fall,
all you go to do is call
“Eu vou correndo te ver; inverno, primavera, verão, outono; tudo o que precisa é chamar.”
Quem chama o amigo ou amiga pelo telefone hoje, em vez de postar algo na net e receber algumas tecladas afetuosas mas distantes em que o encontro nunca ocorre?
Pior, as tentativas de encontros marcados pela net quase sempre dão em nada. Formam-se grupos, instala-se a vontade de se verem, onde vamos?, e dá em nada. “É tudo fogo de palha”, como definiu bem o amigo que vejo uma vez a cada muitos anos, parceiro de infância e adolescência de altas viagens, camaradagem, rock and roll (porra, cara, acho que foi você que tatuou AC-DC em minha alma roqueira!, e isso só já basta por um agradecimento eterno, pela válvula de escape contra dores ou a energia contagiante dos solos do Angus), as paixões que tínhamos por musas impossíveis e por filmes que sedimentaram parte importante de nosso coração e até caráter. É, irmão, aqueles velhos filmes que cultuávamos em fitas de VHS, a rebeldia de Jeff Bridges, Kevin Bacon, Emilio Estevez, Matt Dillon, cara, o Matt Dillon visceral, enquanto ele fazia filmes fortes, e não as bobagens que faria no futuro. E o que dizer de outra preciosidade que talvez deva a você (a memória vai falhando, né, meu velho), O primeiro ano do resto de nossas vidas (Demi Mooree novinha, aquela voz rouca, e loura!) e sua trama bela mas dura dos amigos que sabem que vão se separar, mas amigos do fundo do peito, que no filme a gente percebe que nunca vão se esquecer um do outro. É, cara, você é um grande filho da puta que me fez pirar nesses filmes românticos de amizades e amores eternos hehe. Mas valeu, irmão, e gozado como antes de escrever esse texto, não tinha noção de como tinha me mostrado e ensinado tanta coisa. Triste, né, como muitas vezes nem percebemos como os velhos amigos deixaram presentes importantes em nossas vidas? Bom, e quem sabe eu tenha te dado também presentes bacanas mas maléficos à saúde como aquelas sessions entornando a 51 enquanto detonávamos aquela república na Fazenda (puta merda, a Fazenda, aquele Templo!, quanta zona, brincadeiras, esporte e gatas!, em tantos anos...) escutando e berrando Iron Man, grande Ozzy...
Foda, né, esse Zé continua sentimental demais, mas porra, sei que James Taylor nunca foi seu forte, mas Hey, ain't it good to know that you've got a friend?
É, brother (caralho, cara, será que foi você também o primeiro que me falou de surf?!, naquelas velhas revistas (Visual?) que recortava para encapar os cadernos da escola, aí então te devo tanto que jamais poderei pagar na mesma moeda), como o tempo passa e apaga coisas boas, e hoje, em vez de marcarmos uma queda, ficamos apenas sacaneando um ao outro o surf diferente de cada um (surf x stand up) pela net...
Bom, tá na hora do AC-DC fazer eu respirar embalado por aquele bolachão ao vivo dos loucos australianos que tu me apresentou (ou foi o louco do Strauss? Uhn, acho que ele passou pra ti e depois tu pra mim).
Um puta abraço, ensina teus filhos a pirarem no rock pesado e nas ondas, mas agora escuta sim essa canção do James Taylor aí do vídeo de cima, a versão é punk, tem até um riffzinho de guitarra escavador da alma.
E um dia a gente resgata aquela turma de filho(a)s da puta sem memória que a gente não esquece e ama pacas...
PS - O fdp é afetuoso, é com carinho!
PS - O fdp é afetuoso, é com carinho!