terça-feira, março 08, 2011

O Carnaval é do Rei e da Ilha

Não dá para discutir. Carnaval, carnaval mesmo, é o sempre inesquecível desfile da Sapucaí. Assisti apenas a trechos de algumas escolas, e duas me conquistaram. Primeiro, a garra e beleza tão simples quanto sofisticada (como conseguem?) da União da Ilha, a escola que perdeu muito com os incêndios dos barracões às vésperas do Carnaval mas jamais perdeu a magia. A magia de um enredo histórico, sobre as descobertas de Darwin e sua teoria de evolução das espécies; espécies essas que vieram tanto em fantásticos carros alegóricos (o que era aquele tartaruga gigante de Galápagos?) como em delicadas e perfeitas fantasias de abelhas na ala das baianas. A União da Ilha soube como poucas a misturar a grandiosidade com ideias simples como os tatus bolas estilizados. E o drama do fogo fez os foliões se superarem e desfilarem com uma garra poderosa que contagiou a multidão.
No final de todas, no último desfile, veio Ele. O Rei. O verdadeiro Rei, porque o mais amado. Sim, um Rei um pouco recluso, mas que quando aparece, um Rei sempre humilde. Tão humilde que sempre se entrega de corpo, canção e alma aos seus súditos, ao seu povo, à sua vida. Impossível não emocionar-se com a comoção de Roberto Carlos enquanto a Sapucaí toda cantava o samba-hino em sua homenagem. Nada mais justo para o homem das tantas emoções. De amizades inquebrantáveis como a do terno amigo irmão camarada Erasmo que desfilou outras tantas emoções em um dos carros. De amores tão grandes que abraçaram o Brasil inteiro e fizeram milhões cantar seu amor por suas mulheres a partir dos versos do Rei e seu amigo Erasmo.
O Rei, o Rei que chorou enquanto o povo cantava esses singelos mas profundos versos, No mar navegam emoções
Sonhar faz bem aos corações
Na fé com o meu rei seguindo
Outra vez estou aqui vivendo esse momento lindo
De todas as Marias vem as bênçãos lá do céu
Do samba faço oração, poema, emoção!
Foi o ponto alto do desfile do Rio, reverenciando o maior, sim, artista deste país, porque ninguém canta com mais sinceridade e entrega que o Rei.
Obrigado então, Beija-Flor de Nilópolis pela mais bela e justa das homenagens.
Em tempos de tantos falsos reis, é sempre bonito demais ver um Rei de verdade emocionando-se desse jeito.
PS – Sim, há os que dizem que o Rei é brega, que suas canções são bregas, mas duvido que consigam encontrar, lá no fundo de seus corações, palavras mais fortes e belas que as usadas pelo Rei para cantar a amizade e o amor. A amizade e o amor de verdade, de quem viveu cada pedacinho e escala desses sentimentos como Roberto viveu. E olha que quem escreve isso é um roqueiro pesado de carteirinha e milhares de shows, bares e garagens no currículo. Só que esse roqueiro também tem memória: adivinhem quem inventou o rock no Brasil!
PS 2 - Belíssima a matéria-homenagem do Globo Esporte de hoje para o desfile do Rei, entremeado com atletas revelando quais canções do rei cantaram para suas esposas (só Ronaldo não quis cantar...). E o sempre criticado por mim, Tiago Leifert, se redimiu ao espetar seguidas vezes a máscara de um falso rei no Carnaval 2011, Ronaldinho Gaúcho.

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