sexta-feira, fevereiro 26, 2010

O São Paulo não merece Rogério


Em mais uma noite mágica de sua trajetória iluminada, Rogério Ceni fez milagres – do início ao fim do jogo – e ainda fez de falta, em pleno campo inimigo, seu 88º gol na carreira com a camisa 1 Tricolor. Pena que os outros homens que o acompanharam no jogo contra o Once Caldas, em Manizales, Colômbia, não estiverem, mais uma vez, à sua altura. Por isso que o pobre, sem alma ou até ridículo desempenho da maioria de seus companheiros fez com que ontem, pela primeira vez, Rogério perdesse um jogo em que marcou gol. Sim, nas outras 82 partidas em que o goleiro havia balançado as redes, o São Paulo registrara 64 vitórias e 18 empates. Por isso o monstro da camisa 1 ficou tão irritado sobretudo com o gol da virada e vitória dos colombianos: Jorge Wagner perdeu uma bola dominada no campo de ataque (de novo, Jorge?!) para Dário Moreno. Ele avançou, ultrapassou o meio-campo, passou fácil por um ingênuo Jean, penetrou mais, entrou na área sãopaulina, enfiou a bola no meio das pernas de um zagueiro sem pegada e alma chamado Miranda, passou por Jean, de novo!, que voltara para a cobertura (onde estavam Richarlyson e Jorge Wagner, que deveriam fazer esse trabalho???) e chutou forte e rasteiro sem chances para Rogério e decretando o 2 a 1 para o time da Colômbia. Antes disso, Jorge Wagner bateu um lateral para Marcelinho Paraíba, e este morto mascarado que anda em campo passeando sua indolência, perdeu a bola de um contra-ataque fulminante que acabaria num gol de cabeça em cima dos 1m94 de Xandão. Mais uma trapalhada do homem que veio do Barueri...
Listo a seguir o desempenho dos carrascos de Rogério, ou melhor, traidores:
Cicinho
, uma avenida maior que a Sapucaí para o Once Caldas.
Miranda, grotesco, até quando ele seguirá enganando a tantos, falhando nos jogos mais duros, como sua série sem fim de dribles levados e cabeçadas perdidas que mostra na Libertadores? Quando vocês, sãopaulinos ditos esclarecidos, perceberão que ele é bom só na antecipação? Quando perceberão sua falta de pegada e raça? Quando perceberão que homens muito mais limitados que ele, como Fabão, foram muito mais importantes para o clube?
Xandão, mais um erro decisivo, irregular demais, alterna roubadas de bola incríveis com vacilos terríveis.
Jorge Wagner, duro falar mal dele, pois esse se entrega e dá duro no campo todo, ainda mais quando há um Rick do lado, mas DE NOVO deu a bola para o adversário contra-atacar e marcar.
Richarlyson, como aguentar um cara que destrói várias jogadas nossas, incapaz de acertar um passe, de marcar com inteligência e ainda com o irritante costume de dar bicos na arquibancada quando tenta bater no gol?
Jean, um leão, mas o vacilo, DUPLO!, no gol da vitória dos gringos, foi lamentável.
Cléber Santana, erra poucos passes, tem força para chegar, mas desaparece em certos momentos e sumiu na marcação ontem. Parece achar que é mais jogador do que é, talvez pelos anos de Europa.
Paraíba, esse não pode jamais vestir nossa camisa honrada e vitoriosa, o cara desfila sua máscara sem fazer nada de produtivo, não tem garra e parece que todos esquecem que ele foi o líder de um time que caiu para a 2ª divisão do Brasileiro.
Washington, o guerreiro de sempre, mas teve só 2 chances, por que obviamente a bola não chegava, porque o São Paulo do gênio Juvenal contratou um time inteiro e NÃO TROUXE NENHUM MEIA CRIATIVO!
O último é Hernanes, tão criticado por mim, mas que ontem foi a única luz criativa do time, e ainda lutou bastante o jogo todo. Pena que não teve em Cicinho um parceiro à altura.
Tá feia a coisa! Quem quer vencer a Libertadores não pode ter zaga frágil, não pode ser desatento, né, Jorge?!, nem sofrer sem um meia criativo. Tradução: Já era. A não ser que o tal do Fernandinho seja um monstro, que Alex Silva - bom zagueiro mas metido a craque como Miranda - tenha perdido sua máscara e soberba (foi ele que perdeu todas para Washington naquela eliminação da Libertadores de 2008, vocês, que o acham um monstro, já esqueceram disso?); e que Souto dê luz criativa e alma a esse meio-campo. E que Dagoberto jogue bem os jogos decisivos, e não partidinhas que não valem nada como jogo contra nanico do Paulistinha.
Pobre Rogério!

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

A coragem da patinadora Joannie (Vancouver 2010)


Ela perdeu a mãe e grande incentivadora dois dias antes de sua estreia nestes Jogos Olímpicos de Vancouver 2010. A mídia especulava se ela iria abandonar os Jogos ou, se continuasse, se teria forças para competir bem. Teve, sim, talvez porque após a perda da mãe, o lugar mais próximo de lar e amor que conhecia era um rinque de patinação.
Veio então a noite de sua estreia, para a qual se preparara a vida toda: defender o seu país na competição máxima da patinação artística. Mas como um coração dilacerado poderia se concentrar em modalidade tão técnica, e ainda individual, em que seria ela, e só ela, lá fora na grandiosa arena de gelo do Pacific Coliseum? E ainda seria ela, sozinha, a suportar nas costas a esperança de todo o seu Canadá, competindo em casa, no seu próprio país.
A resposta foi um autocontrole de guerreira ferida suportando a pior das perdas em pleno campo de batalha. A resposta foi uma daquelas atuações que entraria para a história do esporte. A resposta foi a sincronia exata da música escolhida para sua apresentação - um dramático, triste e poderoso tango, La Cumparsita - com a tristeza no peito e a perfeição de seus gestos, deslizar e vôos. A resposta foi a bravura desta inesquecível Joannie Rochette, 24 anos, na noite de terça-feira: a jovem domou a perda insuportável e irreparável para provar que nem a tragédia derruba uma sonhadora com fibra de campeã.
Fibra, inquebrantável, teu nome é Joannie Rochette, a super-atleta e bailarina que só desmoronou nessa noite mágica quando encerrou sua apresentação. Aí sim não conteve mais as lágrimas e mandou uma mensagem num francês sussurrado para sua mãe, que os jornalistas não conseguiram captar exatamente, mas pareceu ser um “c´est pour toi, maman”, é pra você, mamãe. Mas antes das lágrimas, que “apenas” represara ela ainda conseguiu anotar a mais alta pontuação de sua carreira. Sim, justo no pior momento pessoal de sua vida ela ultrapassou seus limites e provou, mais uma vez, a beleza e valor deste esporte ainda nobre que habita em atletas como ela.
Esse esporte que vira magia e algo que é difícil de explicar e mensurar chamado superação. Talvez porque os grandes campeões nunca estão sozinhos. Talvez a melhor explicação seja meio mística, como as palavras da chefe de equipe canadense, Nathalie Lambert, sobre a exibição de gala de Joannie:
"I think her mother gave her wings." (Eu acredito que a mãe dela lhe deu asas).

* Joannie conseguiu a 3ª posição na noite inicial do programa de patinação artística. A batalha final será travada esta noite. Olho nos canais Sportv que deverão passar ao vivo. O ouro é quase impossível, pois as líderes, uma fantástica coreana e uma japonesa formidável, não deverão ser alcançadas. Mas o bronze será maior que uma vitória se reluzir no peito de Joannie, a jovem natural de Île Dupas, do Quèbec, o Canadá francês.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Pandora é real


Gênio. Visionário. Revolucionário. Valente. O diretor James Cameron criou uma fábula de ficção-científica com uma crítica profunda e direta aos poderosos que saqueiam sem excrúpulos a Natureza de nações com grandes riquezas naturais. E ainda mergulhou seus personagens principais numa das mais belas histórias de amor, amizade e guerra da história do cinema.
Poucos cineastas como o americano Cameron tiveram a coragem de atacar claramente seu próprio governo, militares e empresas sem consciência ambiental ou social. Ou não é a riqueza desejada de Pandora, um minério raro, uma alusão ao petróleo do Iraque e outros países com solos ricos?
Pandora é também a história de civilizações nativas formidáveis que foram exterminadas pelos conquistadores brancos europeus ou descendentes dos brancos europeus. Pandora é os impérios Maia, Azteca e Inca na América. São os aborígenes dizimados pelos australianos e transformados, os que sobraram, em favelados. Aliás, o apego às energias vitais da Natureza, o conceito de que a Terra é sagrada, remete muito às tradições dos aborígenes. Pandora são os índios brasileiros praticamente exterminados pelos bandeirantes. É a Amazônia em que gigantes farmacêuticas vão se instalando e se apropriando de plantas medicinais e outros elementos curativos que abundam na Mãe de todas as florestas.
Pandora são as baleias e tartarugas caçadas sem dó, junto de outros inúmeros animais.
Pandora é ainda todo povo que resiste aos invasores ou acordos comerciais desiguais para preservar sua cultura e riquezas.
Além de toda a carga crítica à sede de poder e à natureza devastada de hoje, Cameron e seu Avatar ainda nos legam o belíssimo amor entre a guerreira de Pandora e o soldado humano arrependido. Mas isso é tema para um outro post. Avatar é grande demais para caber em um só texto.

sábado, fevereiro 13, 2010

Invictus - O maior capitão


Ele foi preso por ordem do governo africâner - os brancos que mandavam na África do Sul enquanto impunham à grande maioria da população, negra, o terrível regime racista do apartheid. Ficou 30 anos preso numa cela de dois metros quadrados. Para manter a sanidade, além de caminhar durante uma hora nessa jaula e fazer exercícios, controlou sua raiva e passou todo esse tempo pensando em como conquistar a confiança dos carrascos. Nelson Mandela sacrificou seu orgulho e raiva para conduzir seu povo à liberdade. Aprendeu a falar a língua dos ditadores brancos, o africâner, para conhecê-los melhor e manipulá-los. Antes disso estudou profundamente a história dos africâners, porque precisava saber tudo sobre o inimigo. Tudo isso fez na prisão. Foi lá também que percebeu que a grande paixão dos africâners, o rúgbi, seria um elo fundamental para cativar os brancos e levar à África do Sul a uma democracia. Mas esse seria um passo arriscadíssimo, porque o rúgbi, e a seleção nacional sul-africana, os Springbooks, eram simplesmente um dos símbolos do apartheid mais odiados pelos negros. O filme Invictus conta um pedaço dessa história, de como Mandela usou o brutal esporte da bola oval para trazer os brancos para o seu lado e, um de seus milagres, fazer os negros torcerem pelos Springbooks.
Morgan Freeman faz um impecável Mandela no filme, incorporando todo o poder, astúcia e objetividade do animal político que Mandela aprendeu a ser para tentar libertar seu povo e pacificar seu país. Mais que isso, Freeman-Mandela é o grande capitão do sonho de unir seu país. Por isso inspira e cativa tanto aqueles que o conhecem. Por isso ele traz as lideranças brancas para o seu lado, dos mais poderosos políticos e generais (isso o filme não mostra) a “simples” mas amados e idolatrados jogadores de rúgbi como François Pineaar, o capitão dos Springbooks.
Matt Damon encontrou o tom certo para interpretar Pineaar: um líder não tão carismático, mas um capitão respeitado por seus jogadores. Esqueçam a estupidez dos críticos que acusaram Damon de ficar muito aquém da iluminada atuação de Freeman no filme. Ora, essa foi a verdade histórica: Pineaar era apenas o capitão dos Springbooks, e não o líder que enfrentaria o milagre de pacificar a África do Sul sem um banho de sangue entre brancos e negros, sem uma guerra civil. Sim, o filme não mostra que o país esteve à beira de uma guerra civil, planejada por militares brancos, quando Mandela foi libertado.
Por isso que Pineaar era, obviamente, um ser humano de estatura moral, política e intelectual inferior à Mandela. Por isso ele também precisava ser inspirado para realizar outro sonho de Mandela: fazer os Springbooks vencerem a Copa do Mundo de Rúgbi.
O filme mostra então com perfeição como Matt Damon-François Pineaar cresce e se torna mais forte após conhecer o mito, o homem, o líder e o então novo presidente, Nelson Mandela.
Porque todos que conheciam Mandela recebiam um pouco de sua poderosa garra e inspiração.
A garra e inspiração que Mandela soube como sintetizar no poema que aprendeu na prisão. No poema que um dia ele mostra a Pineaar, indicando que eram mensagens como aquela que os Springbooks e a África do Sul deveriam incorporar para vencerem uma Copa e a Vida.
O poema, escrito por William Ernest Henley, chama-se Invictus e traz versos que fizeram Mandela suportar os 30 anos de prisão. Mais que isso, fizeram-no acreditar que nada deteria seu sonho e missão:

"Do fundo desta noite que persiste
A me envolver nessa escuridão - eterna e espessa,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por minha alma inconquistável eu agradeço
... Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
... o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a porta - eu não desisto,
...Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o capitão da minha alma.”


Pineaar incrustaria em seus companheiros o espírito deste poema - que aprendeu de seu Grande Capitão, Mandela - para conduzir os Springbooks a uma dessas raras conquistas esportivas que transcendem o esporte. E essa façanha é mostrada de forma espetacular, tanto nas estratégias políticas de Mandela-Freeman, como nas cenas tão reais dos jogos da Copa do Mundo de Rúgbi de 1995. Pudera, por trás dessa realidade estava o mais humano e brutalmente real dos cineastas, um certo Clint Eastwood, que dirigiu e acrescentou mais um filme monumental à sua poderosa e vital carreira de cineasta.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Redenção


Mais uma tarde banal e ainda com esse calor infernal. O trabalho é interrompido para uma escapada ao mercado. O dia também não é bom. Mesmo com a alegria de ter visto hoje a avó fazer 99 anos, depois dela passar um bom tempo no hospital, o peito vacila porque amanhã é dia 9/02. Mais um sem muito o que comemorar. Mas eis que no mercado ele vê a moça que já sofrera tanto e hoje ostenta aquele breve mas iluminado sorriso de quem está tendo uma nova chance. E uma chance justo com um antigo amigo de infância; meu, não dela. O cara que foi meu melhor amigo daqueles tempos de Falcon, polícia e ladrão, muita piscina e os lanches, sempre mais gostosos, da infância. Daqueles tempos em que São Paulo ainda era um lugar humano e seguro.
Sim, por uma dessas artimanhas bacanas do destino, eles haviam se falado após se reconhecerem, ora vejam, no Facebook. E, mais louco, ela acaba de voltar da cidade dele, justo a Ribeirão onde minha turma passou o melhor verão de suas vidas, o verão de 84. O verão do amor e amizade que recebemos de uma família maravilhosa, os Braga Brandli, que nos hospedou como se fossem a nossa família.
O verão de canções, cantos e solos de guitarra inesquecíveis. O verão de Radio Ga Ga, Queen; Owner of a lonely heart, Yes e Beat It, Michael Jackson+Eddie Van Halen.
De volta ao verão de 2010, ela, que já perdeu o amor e teve que educar um filho sozinha, reencontrou a pureza do sorriso de quem acredita. De quem pode estar no caminho da redenção.
Que meu velho amigo a faça feliz.
Que meu amigo, que virou apenas lembrança (o tempo separou), tenha a noção da beleza do coração dessa moça.
Que meu velho amigo carregue no peito a mesma franqueza do peito aberto de sue grande pai, que me ajudou tanto em meu primeiro livro.
Que meu velho amigo tenha a mesma paixão para viver de seu irmão do meio, o doutor.
Que esse novo casal tenha a beleza e intensidade eterna do verão de 84.
O verão que, tomara, eles tornarão uma estação sem fim de afeto e começar de novo.

sábado, fevereiro 06, 2010

Tem esporte melhor?


Tenho um amigo de velha data que resume em uma frase, em inglês (o cara é meio internacional), qual o seu esporte e gênero preferido. "I love this game!", diz sempre com muitas exclamações no tom de voz quando ele vê ou lembra de qualquer mulher bonita, sensual ou charmosa praticando esporte. Bom, quando o assunto é vôlei feminino, a gente só pode concordar com o sábio Testa e reafirmar sua sabedoria: I LOVE THIS GAME! Especialmente o jogo praticado pelas atletas do São Caetano. No meio do festival de babaquices do mala-playboy-engraçadinho (metido a) Tiago Leifert e seu Globo Esporte, o ex-melhor programa de esportes da TV finalmente fez uma reportagem que se preze, essa das meninas do vôlei. Tá, de reportagem não tem nada, é pura pagação, mas nesse caso a gente aceita com louvor. Mas tinha que botar o Nei Paraíba (de novo?!, já diria o babyssauro) pra estragar a formosura das meninas?
PS - Ae, velho, quando a gente vai baixar lá pros lados da Robert Kennedy e prestigiar o "jogo" das meninas de azul???

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Os segredos de Anchorena


Redescubro esse lugar quase por acaso, paro aqui porque vi da janela do trem belas árvores e aquilo que tanto me tranquiliza: um rio vivo. Desço aqui e percebo que já estive antes, anos atrás, junto da menina tão sinônima de vida.
O calor pesado me faz procurar abrigo na cafeteria e percebo que estive lá com ela, num inverno. Dessa vez, troco o café irlandês (com whisky) por um cortadito (cafezinho com pingada de leite). Cai bem, e melhor ainda caem as belas canções que tocam numa estação de rádio clássica. Rola R. E. M, “If you believe” (se você acredita). Perfeito, pois esse lugar me faz acreditar numa vida melhor.
Uma boa canção, céu azul-mergulho, verde com sombras, um rio povoado de estrelas brancas – veleirinhos ou como diria minha sábia mãe, um nome mais afetuoso: barquinhos à vela; pessoas largadas a “charlar” (conversar), tomando sol, fazendo piquenique, lendo. Ou gente apenas olhando o rio com ganas de mar, pensando na vida ou esquecendo dela. Aqui diante dessa natureza tão bem integrada à cidade (“igualzinho” a São Paulo...), pois cuidada pelo homem, só posso dizer que toda essa gente é gente vivendo.
Gente das mais diferentes vidas, porque aqui na estação de trem Anchorena, no caminho de Buenos Aires ao Tigre, a elite e o povo convivem em harmonia, sem medo, ódio ou rancor. Talvez porque falo de um domingo de sol neste lugar-parada de trem especial. Mais que isso, trata-se de um refúgio contra o stress e labuta cotidiana ou contra a raiva. Porque amanhã, segundona, o povo será povo de novo e a elite mandará e os oprimirá de novo. Mas ficará um pouco da placidez e sabedoria desses caminhos verdes debruçados sobre o rio da Prata.
Ficará o conforto desse banco de madeira protegido por uma sombra aconchegante.
Ficará a possibilidade de mais um próximo domingo de paz regado a verde, água e “conversas jogadas fora” mas dentro da alma. Dentro da alma porque vejo homens e mulheres se falando com vontade e afeto, sem outros interesses que não seja o debruçar-se sobre o outro como esse rio vivo que nos alivia.
Segundos após acabar esse texto, toca The Doors (o alto falante leva o som também para fora da cafeteria), Riders on the storm, para nos lembrar das batalhas e tempestades que virão e, como não, dos amigos e amigas distantes que um dia compartilharam com a gente simples mas mágicas viagens.
Anchorena, anos e anos atrás. Essa sempre soube viver.

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Pega na mentira


Não poderia ser diferente a reapresentação de Robinho no Santos. Helicóptero, Pelé junto (de caráter os dois entendem bem...), mídia transmitindo ao vivo como se tratasse de um gênio do futebol (olha o Ibope...) e mentiras, muitas mentiras. A pior foi de que voltou ao Santos porque deseja ajudar o clube que o formou a ganhar títulos. Ora, todo mundo que não é trouxa tá cansado de saber que ele voltou apenas porque, mais uma vez, era banco em um clube europeu. Por isso, estava com medo de ser esquecido na Seleção Brasileira em ano de Copa. Como bem mostraram os cronistas do Lance, Robinho é mestre apenas em uma coisa: em forçar a barra para ir embora dos clubes que apostam fortunas nele, antes dele começar a não jogar nada. Antes dele fazer biquinho por não aceitar o banco de reservas porque se acha um gênio do futebol. Nunca foi. Teve apenas uma brilhante passagem pelo Santos, anos e anos atrás, mas enfrentando jogadores de nível bem menor do que nos certames europeus. Lembremos que ele não brilhou nas Libertadores que o Santos jogou. E, quando chegou longe, numa final, sumiu contra a raça do Boca Juniors.
Robinho vive até hoje daqueles Brasileiros e das pedaladas em cima do inocente corinthiano Rogério. Não dá para aturar sua cara de pau, ainda mais no Santos que ele abandonou, literalmente, deixando de treinar e se escondendo, para forçar sua venda ao Real Madrid.
Robinho me lembra muito aquela velha canção do Erasmo, Pega na Mentira. Com o agravante, além das falsidades que diz na maior cara de pau, de que seu status de craque também é uma mentira. Vocês verão isso na Copa do Mundo. Na hora do pau comer, ele vai sumir, como sumiu no Santos na Libertadores, como sumiu nos certames europeus com o Real e Manchester City.