segunda-feira, dezembro 27, 2010

A trilha de 2011


Final de ano é sempre um parto. Exaustos, só pensamos nas férias, numa praia ou qualquer lugar distante da neurose, barulho e suor do trabalho e vida cotidiana. Os que ainda não conseguiram partir se viram largados no sofá vendo filmes até tarde, lendo um bom livro ou escutando belas canções. Quem prefere a última opção, melhor ainda se puder curtir um som junto de sua companheira. Pra vocês então, acessem esse fantástico blog feito para uma noite daquelas... O nome do blog já diz tudo, Sex Music... É só apertar o play que o set list gigantesco começa a tocar e bandas famosas como The Killers e outras desconhecidas, como a ótima Iron & Wine, só querem que vocês tenham uma noite inesquecível.Cliquem em

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Dreams

(Pessoas que são canções)

We'll get higher and higher
Straight up we'll climb

Era a mais livre das meninas. Queria voar. E voava. Mais louco ainda, queria viver disso. A ginástica olímpica era seu sonho de vida. Passeávamos na praia e de repente ela dava paradas de mão, fazia estrelas e detonava a ignição daquela louca manobra. Um salto mortal para trás. Um voo tão bacana e alegre que sempre desconfiei que foi um desses que fez meu melhor amigo se apaixonar por ela.
Paty via o mundo de ponta cabeça, ao contrário. Ela fazia muitas coisas ao contrário. Numa época meio certinha e careta, o início dos anos 90, ela era uma legítima roqueira que ia no quarto dos amigos escutar o bom e velho rock and roll, especialmente a banda de seu coração, Van Halen. E era também uma guardiã dos sentimentos mais belos do passado, as amizades verdadeiras que geralmente são mais criadas quando somos ainda tão jovens.
O tempo correu demais. Enquanto seu amigo aqui - que sempre desejou ser, mais que amigo, irmão - andou em círculos e algumas ladeiras vida afora, Paty seguiu voando alto direto para os seus sonhos. Como um avião de caça, ela foi lá pra cima feito essa canção que é a cara e alma dela. Dreams. Do seu Van Halen.
O comecinho da música já é ela: o teclado clássico e belo é igual à olhada profunda que ela dá na gente com seus olhos pequenos mas intensos; e, quando ao teclado junta-se a bateria, e depois a guitarra e o canto, é hora dela falar com a gente com a mesma alegria e garra de viver que ela teve ontem, hoje e sempre.
O único problema é o tempo e a distância. Paty é treinadora lá no Qatar e por isso não a via há 3 anos e meio, desde o Pan do Rio quando ela veio, do Japão onde vivia, ser árbitra de ginástica.
Ela não sabe como os anos sem poder conversar com ela, cara a cara, fizeram falta.
Faz falta demais aquela com quem dividi alguns dos anos e momentos mais bonitos e intensos da minha vida.
Aquela que um dia percebi irmã talvez naquele show dos Stones em que tomamos 7 horas de chuva seguidas nos Pacaembu mas nos emocionamos juntos com a garra imortal de Mick Jagger, uma garra tão parecida com a dela.
Mas ontem a vi de novo, e no bar em que fomos, rolava, claro, rock. Scorpions, outra banda que participou um pouco de nossa história e juventude.
Ontem ela pôde me dar uma atenção de novo, pois, eu, egoísta, queria mais isso até do que saber do primeiro filho dela. Desculpa, irmã, mas era muito tempo sem te ver e sem contar com a sua força.
Mas saiba que de alguma forma me ajudou. Porque você, mesmo agora uma mãe, ainda possui aquele mesmo brilho, melodia e versos que só a sua banda conseguia mesclar com tanta perfeição. Por isso, de algum jeito aproveitei algumas coisas que me falou. Porque você segue sendo a Van Halen girl, por isso
we'll get higher and higher, leave it all behind. (vamos chegar alto, alto, deixe isso pra trás...vou tentar...

we'll get higher and higher, who knows what we'll find? Vamos chegar alto, alto, quem sabe o que vamos encontrar?

Obrigado por me fazer olhar pra cima de novo.
E vê se não demora tanto a voltar.

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Paul - O homem que cantou nossas vidas

You and I have memories
Longer than the road that
stretches out ahead


Você e eu temos memórias
Mais longas que                 
a estrada que se estica adiante

Morumbi, 22/11/2010. Aquilo não foi um mero show, foi sim um encontro, foi história. Ali não estava um profissional entregando um serviço (coisa que Bono, infelizmente, vem fazendo há anos) e sim um músico oferecendo sua arte. Sim, havia um set list, mas a lista era na verdade uma retrospectiva de nossas próprias vidas, pois cada canção mexia com um sentimento especial de cada privilegiado (a) que esteve no Morumbi naquela 2ª feira inesquecível. Sim, claro que Paul é também um profissional, mas a alma do antigo menino de Liverpool ainda está lá, e quando ela está, cada nota, melodia e palavra nos envolve. Envolve-nos como um amigo do peito nos dizendo verdades, como uma mãe tentando nos aconselhar pela última vez (when i find myself in times of trouble, mother Mary comes to me speaking words of wisdom, let it be...), uma paixão nos assaltando de novo (close your eyes and i kiss you, tomoroy i´ll miss you... all my loving i´ll send to you) ou o próprio tempo e algum acontecimento em especial que resolve se revelar de novo, yesterday all my problems seemed so far away... , enquanto Paul canta algum dos hinos dos Beatles.
Enquanto Paul canta algum hino da maior banda de todos os tempos, canções que elevam ao máximo nossos corações e lembranças. Incrível como cada canção, para os que já viveram um bocado, resgatava um momento de nossas vidas.
Tudo começou quando ele sentou-se ao piano pela primeira vez, tocando notas que não eram meras notas mas as suas veias, as nossas próprias veias, ao cantar que a vida é uma the long and winding road, uma longa e larga estrada. Sim, a canção é de um amor partido, mas como em tudo dos Beatles, é tão bela nas melodias e palavras que sua dor, you left me standing here, a long, long time ago..., você me deixou esperando aqui, há muito, muito tempo atrás  é pulverizada pela beleza.
Pela beleza de um cara e uma banda que interpretaram e traduziram os sentimentos mais simples e verdadeiros com uma precisão poucas vezes equiparada por uma banda de rock, talvez porque poucas vozes soam tão cristalinas e naturalmente belas, sem gritos fora de tom, como as de Paul.
Por isso Paul foi especial, por isso que ouvi-lo naquela noite, e agora, nos vídeos deste show postados no youtube, de novo emociona, arrepia, pode até botar a emoção para fora numa lágrima que não é qualquer
E numa alegria que não é qualquer, porque, reafirmo, suas canções mais tristes são tão belas que nos elevam. Pelo poder da canção, pelo poder da música, pelo poder incomparável de Paul e de toda a mágica que ele um dia criou e entregou com seus três companheiros daquele grupo que era a vida traduzida em canto, guitarra, baixo, bateria e piano.
Pelo poder desse mago Paul, que conseguiu transformar a tristeza numa alegria inesquecível, como em Hey Jude: take a sad song and make it better, pegue uma canção triste e faça-a (torne-a) melhor. Faça-a feliz.
Quisera ser possível que pudéssemos escutar essas canções todos os dias, assim não deixaríamos de acreditar na esperança de cada canção dessa.
De cada emoção entregada por Paul, e pelas milhares de vozes que comungaram desses sentimentos juntas, naquela noite mais que memorável. Naquela noite fundamental. Portanto, vocês que estiveram lá, tentem lembrar do que viveram e sentiram. Os céticos dirão que foi apenas um show. Jamais entenderão o que foi aquele imensa verdade e beleza coletiva de milhares de pessoas, entre estranhos, amigos e amores, recebendo e devolvendo o mesmo amor pela música e pela vida.
Pela vida que é música. Que deveria ser sempre musica.
A síntese de tudo o que Paul nos proporcionou foi talvez esse par de versos dizendo que existirá uma resposta para nossos medos, sonhos e dores,
there will be answer
Let it be
Vai existir uma resposta, deixe rolar....
Sim, muitas vezes não há saída, e nos perguntamos
Why she had to go, i don´t know.
Now i need a place to hide away

Quando os amigos já não estão presentes, ou dispostos a nos escutar ou procurar, só contamos com nós mesmos, com o pai e com o maior amor do mundo, que é sempre o da nossa boa e velha mãe.
Podemos contar também com a força de Paul, de sua antiga banda e suas canções.
E contamos com a sabedoria e conselhos desta amiga que estará sempre lá, pronta para nos abraçar:
a música.
Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
Pegue essas asas quebradas e aprenda a voar.
All your life...

PS - Lá em cima, que John siga descansando em paz, 30 anos depois.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Muricy - O homem reto

Ele nem precisava provar mais nada de seu caráter depois de recusar a seleção brasileira porque seu clube e patrão não aceitou liberá-lo. “Não quebro meus contratos”, afirmou na época Muricy. Ninguém do mundo sujo da bola o criticou publicamente por isso mas muitos o julgaram tolo por essa recusa.
O tempo e talvez a justiça divina o premiaram com o título brasileiro mais sofrido de sua carreira, este, com o seu Fluminense. Com um time que sofreu tanto com contusões ao longo de todo o Brasileirão – Fred, Emerson Sheik jogaram muito pouco, Deco também ficou bastante tempo fora, o goleiro titular também e Muricy descobriu Ricardo Berna.
Para suprir a ausência de suas estrelas, o treinador soube formar um time de guerreiros mas que jogaram um bom futebol graças à regência e toque de bola deste gigante armador baixinho chamado Conca. O argentino foi o toque de classe deste Flu bicampeão brasileiro.
 Mas falemos do mais importante, porque quando se fala em Muricy a bola vira vida.
Vida porque diferente da maioria dos personagens no futebol brasileiro de hoje, promessas, estrelas e celebridades vazias e vaidosas, Muricy, ao falar de futebol, fala de coisas maiores.
E isso, num país tão cheio de malandros que usam todo artifício para obter vantagens, é importante demais. Enquanto a CBF e a FIFA, por exemplo, semeiam barbaridades atrás de barbaridades (Copa no Qatar é brincadeira, um “tô nem aí pro futebol!, quero é grana!”), Muricy, o homem reto, semeia nobres valores.
Reto da retidão não só de suas palavras como de suas atitudes.
“Agora é trabalho”, ele dizia no São Paulo, com a simplicidade sábia e digna de Rocky Balboa dizendo aquele “lutadores lutam”. E ontem, foi mais uma lição de vida escutar algumas de suas frases. Uma delas escutei na rádio ESPN Brasil. Enquanto falava de sua relação com seus jogadores, ele explicava que não faz diferença entre as estrelas e os jogadores menos badalados. Não concede privilégios, e isso é vital para ter um grupo unido. Muricy sintetizou isso então ao dizer que “não sou simpático, mas sou correto com os jogadores”.
Correto. Quantos se preocupam com isso hoje? Pior, quantos não dizem que ser correto é ser um tolo, um babaca?
Graças que Muricy se preocupa e talvez por isso o Mestre e Homem maior da história de nosso futebol tenha aparecido para ele em sonho, na véspera da decisão para o Flu: Sim, só mesmo Muricy para ser agraciado com a presença de Mestre Telê Santana em seu devaneio tão real antes da consagração de ontem.
Lá vai então Muricy Ramalho, conquistando com correção, caráter e dignidade o que muitos, neste país, só obtêm com tramoias, acordos, subornos e outras sacanagens: a vitória.
O Mestre está orgulhoso lá em cima.

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Val(h)a-me, Deus!

Plena 5ª. feira, enquanto a galera de Sampa fritava em trabalhos insuportáveis (é sempre insuportável trabalhar em dezembro, ninguém aguenta mais) eu ria feito bobo pelo privilégio de ser um freelancer e poder entrar no mar. Era muita sorte eu ter marcado uma entrevista com um mito do surf brasileiro na praia justo neste dia, mas antes eu iria surfar. A previsão acertara em cheio: o único dia com chances de algumas boas valinhas era esse. Melhor ainda que o vento não dera as caras e as meninas azuis-esverdeadas estavam lisinhas como pele de mulher gostosa que se cuida (é o verão hehe). Por isso que gritei sozinho, ao olhar as valas, “Vala-me Deus!”
Logo curtia uma session em solitário, o que é comum durante a semana neste pico incrustrado em um condomínio gigante.
Logo uma de minhas pranchas mágicas, uma Evolution vampiresca (agarra as paredes como uma vampira metendo os dentes no pescoço de sua vítima) feita pelo grande Kareca da Shine surfboards, me levava a passear em alta velocidade. Não tem erro, quando o mar diminui de tamanho essa menina sedenta me deixa em condições de surfar qualquer coisa minimamente surfável.
Depois de uma session rápida, 90 minutinhos, a cabeça tava feita. Bora trabalhar no litoral norte. Na volta ao meu pico, o vento fizera sua caca, mas mesmo assim entrei, torcendo pra chuva que pintava alisar as meninas.
“Vai, Santo Pedro!, manda a bala, beija as meninas com vontade!”, eu gritava, mas o Santo só mandou uma chuvinha leve. Raras merrecas (é, o tamanho diminuiu ainda mais) deram uma ajeitada. E aí, meus camaradas, as poucas valinhas que acertaram, junto com a chuvinha gostosa batendo no rosto, aí o sorrisão invadiu o rosto. Lá fora, com o oceano preenchendo o coração vazio, a felicidade, mesmo tão breve, renova a vontade de viver.
O surf sempre renova, qualquer surf.

segunda-feira, novembro 29, 2010

Mais um recital histórico

Todos os detalhes da magistral apresentação do Barcelona de Xavi, Iniesta, Messi e cia contra o Real Madrid, 5 a 0, fora o baile, você lê aqui

quinta-feira, novembro 25, 2010

A última canção


   Todos os dias quando acordo
   Não tenho mais
   O tempo que passou


A última canção e as últimas perguntas são sempre as mais duras.
Partir, para eles, é sempre duro.
Ficar, para mim, é sempre duro.
Sim, fico feliz por perceber como eles e elas cresceram. E como ganharão o mundo. Mas a gente, o suposto adulto mais maduro, não está preparado para certas perguntas:
“Como será a minha vida a partir do ano que vem, sem suas músicas, seus textos, suas palavras e abraços?”, assim ela perguntou na última redação.
Não sei.
Não sei, sobretudo, como será a minha vida sem seu sorriso preguiçoso das 7 da manhã. Sem seu olhar indecifrável (nunca descobri se era sono, um “não tô entendendo nada” ou “pode falar que eu tô pensando fundo” hehe).
Sem seu abraço, tão forte e sincero, que reunia cada pedacinho dolorido e colava o mais partido dos homens.

De repente estavam todos vocês escrevendo.
De repente eu queria que suas folhas de papel não terminassem nunca.
De repente acabou.
De repente eu li:
“Você me ajudou a melhorar, a mudar”

Vai, garoto, sempre em frente!

De repente minha cachorrinha cega largou o sofá lá de baixo e apareceu aqui em cima pra ficar comigo. A mesma cachorrinha do notebook com que eu tocava as canções pra vocês.
Não sei o que a Capitu quis me dizer. Só sei que existirá um dia um avanço tão grande nas comunicações e no coração humano que antigos alunos que quiserem ver seu antigo professor poderão simplesmente pensar e aparecer. E o professor simplesmente sentará no chão com eles, baterá aquele papo, tentará dar algumas indicações e tocará mais alguma canções.
E o professor ainda dirá: “pega uma folha de papel...”. E o antigo aluno ou aluna simplesmente começará a escrever no caderninho que trouxe da nova vida de onde veio.

Só sei que não haverá mais
a menina tímida e guerreira tentando se expressar e mostrar o quanto gosta da gente, mesmo se eu a zoasse sempre com a mesma tolice da mostarda e tirando onda da sua paixão pelos mangás;
o moleque meio grosso e metido a durão, que na verdade era um ser tão leal quanto a própria definição de lealdade, por isso ele tentou dizer tanto no último dia, ele não queria que acabasse;
a pequenina mais tímida ainda, que lá do seu silêncio recebia cada texto, filme e música com um grito interior; o grito de sua vontade de viver após encarar tantas adversidades;
o garoto contestador de tudo que um dia começou apenas a dialogar e ajudar a acordar uma turma toda com sua atitude;
a menina-âncora que não saía do lugar e não parava de falar enquanto semeava alegria e esquentava nosso corpo e alma com o mate quentinho que trazia de seu povo e coração;
a doce menina recém-chegada que tinha medo de mostrar a verdade de seu coração e um dia descobriu que “tenho certeza que não vim parar à toa aqui. Existia algum propósito...”;
o menino preguiçoso que várias vezes se transformava num mini rocky balboa pelo tamanho, enorme, de seu coração; o porão, o porão... já dizia o grande Rocky.
o moleque que mergulhava em cada debate com a mesma vontade e paixão que despejava no tatame de seus sonhos, e esse moleque ainda sabia, muitas vezes, me mostrar como essa aula era importante;
a menina mais sofrida, e mais valente, aquela que um dia teve a coragem de expor sua história de vida na frente de todos, porque seu professor debiloide que não tinha preparado aquela aula inventou de pedir para cada um contar a sua história, e ela seguiu tendo coragem de falar as coisas mais importantes;
A menina ex-emburrada que cada vez mais ia deixando a birra por aquele rosto sublime de quem olha com amor e recebe com amor. A menina que um dia lhe disse que tinha letra feia de homem e quase a perdi por isso. Sorte que naquele tempo ainda tínhamos aquela canção:
Temos muito tempo
temos todo o tempo do mundo


Sorte que um dia ela começou a escrever com uma beleza rara, mesmo com aqueles garranchos (haha, brincadeira!).
Sorte que um dia ela, que odiava ver meus vídeos, me disse que agora amava ver filmes, e teve questão de me dizer isso com uma gratidão no tom de voz e olhos que dizia tudo.

Não foi tempo perdido.
Nunca era com vocês.

“A próxima vez que te ver quero vê-lo muito muito feliz... espero poder ouvir você contar que ensinou surf para sua filha”, disse a guerreira da mostarda.

Sim, sonho com isso. Mas hoje, mesmo triste demais pela partida de vocês, sinto-me muito feliz por ter ensinado alguma coisa e, sobretudo, aprendido tanto, com vocês.

Então me abraça forte
E diz mais uma vez...

Obrigado por essas aulas-encontros-terapias inesquecíveis.
Obrigado por terem tornado essas aulas em experiências de aprendizados e amor.
Obrigado por tanta força e afeto sincero por seu professor.
Obrigado por suas últimas redações.
Obrigado por sua última frase, mas não sei respondê-la, minha querida:
“Vou sentir sua falta... e agora “quem é que vai nos proteger?”

PS – Esse texto é também para todos os outros que começaram o ano junto com a gente.
Para a menina que participava tanto e olhava como o coração tão transparente que ela tinha, e ainda tinha aquele maravilhoso sotaque engraçado.
Para a moça que mesmo tão bela tinha ainda mais bonito o olhar e suas palavras doces como música
Para a nossa querida ex-mais briguenta que um dia se transformou na mais meiga, e ainda tinha a coragem de torcer pela gente e dizer isso para nos animar
Para o cara que parecia ser mais reservado mas que um dia, após aquele filme do Che, percebi ser um grande coração sonhando com um mundo melhor, para todos
Para o mais vagabundo mas um vagabundo como Carlitos – humano, querido, engraçado e afetuoso como um filho.
PS 2 - O texto é também para todos os moleques e meninas especiais que um dia tiveram a honra de estudar, aprender e viver com essas pessoas inesquecíveis.

domingo, novembro 14, 2010

Faltou pouco

Gamova pulveriza o bloqueio triplo brasileiro
Após uma monumental virada na semifinal contra o Japão - de ataque muito rápido e uma defesa fantástica das nipônicas - um dramático 3 x 2 após perdermos os dois primeiro sets, com uma dura perda de 35 a 33 no 2º set, não deu para vencer o poderoso ataque e bloqueio das russas lideradas por essa implacável Gamova, a gigante no tamanho e técnica, 33 pontos na decisão. Sim, perdemos de novo um jogo decisivo para as russas no tie-break, como acontece em Atenas´2004 e no Mundial de 2006. Mas pelo menos agora os idiotas não poderão dizer que “as meninas amarelaram de novo”. Não poderão dizer isso porque vencemos as russas na semifinal de Pequim´2008 e depois as meninas trouxeram o ouro.
Não vencemos hoje por alguns motivos-chave: a levantadora Fabíola tentou, mas substituir a mágica e fria levantadora Fofão, é impossível. Falta a Fabíola a velocidade que a veterana imprimia e uma maior versatilidade na hora de distribuir. Ou seja, Fofão era genial, Fabíola apenas uma boa levantadora.
Outro problema de ausência: duas campeãs olímpicas em Pequim, a titular Mari, nossa atacante mais fria, e a sempre importante Paula Pequeno, outra atacante poderosa, não estiveram no Mundial por se recuperarem de cirurgias.
Na decisão de hoje as brasileiras não conseguiram parar a impressionante Gamova e faltou mais calma para vencer o bloqueio russo. Apenas Sheila, em maior escala, e depois Natália, conseguiram virar mais bolas, mas a jovem Natália pecou em alguns momentos por tentar furar a muralha adversária em vez de explorar o bloqueio, como sempre pedia nos tempos o treinador Zé Roberto. Nossa outra atacante, Jaqueline, teve altos e baixos, e cometeu o mesmo erro de Naty em alguns lances decisivos.
Nossas meios de rede, Thaísa e Fabiana, foram bem no ataque, mas poderiam ter sido mais acionadas por Fabíola, e poderiam ter rendido bem mais no bloqueio. E faltou a Thaísa ficar mais ligada: tomou umas três bolas de segunda da levantadora russa e ainda não colocava a mão no ângulo correto em várias tentativas de bloqueio.
Não deu. Mas no vôlei, mais importante é sempre a Olimpíada. Esperemos então estar com time completo em Londres´2012 e que Fofão, quem sabe, aceite repensar sua aposentadoria da seleção. Com ela podemos sonhar com o segundo ouro olímpico. Sem ela, ou aparece uma jovem com muito talento ou dependeremos de novo de levantadoras apenas boas, não excepcionais, como Dani Lins e Fabíola.
S - A história poderia ter sido diferente caso o árbitro coreano não tivesse mudado a marcação do bandeirinha em um momento-chave do jogo. Era o tie-break, Sheila atacou uma bola boa, era o 8 a 6 para o Brasil. O juiz principal deu a bola como fora, as russas empataram em 7 a 7 e daí pra frente comandaram o placar até vencerem o set e o jogo. Detalhe: esse juiz coreano foi o mesmo que arbitrou as outras duras derrotas polêmicas do Brasil para a Rússia, em Atenas e no Mundial passado. Zé Roberto pediu que ele não fosse escalado. A Federação não aceitou.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Exemplares na quadra e caráter


Ah se todos os grandes atletas brasileiros fossem assim. Na madrugada de terça pra quarta, acordei para vê-las. Acabei capotando, mas acordei a tempo de vê-las dando entrevistas ao final da bela vitória contra as americanas. Quando Jaqueline surgiu, o repórter perguntou como se sentia ao ter se destacado tanto no ataque, o que não é comum já que Jaque faz mais funções defensivas e técnicas (tem o melhor passe da seleção e defende como poucas). Jaque, mesmo sendo a maior pontuadora da partida, respondeu: “Sou mais uma coadjuvante mesmo, jogo para a equipe, mas é bacana quando faço muitos pontos”.
Sim, essa formidável Jaqueline, jogadora completa (poucas no mundo defendem e atacam tão bem, e são tão técnicas), preferiu assumir sua condição de carregadora de piano do que aproveitar os louros de seus 18 pontos em partida tão dura contra as vice-campeãs olímpicas. Fiquei imaginando se algum grande nome do nosso futebol teria a humildade de mostrar a mesma opinião.
Pouco depois, outra que fez belíssima partida, a meio de rede Thaísa, começou a chorar quando a TV a colocou em contato, direto do Japão, com seus pais, que estavam no Brasil. Lembrei dos idiotas que criticavam a sensibilidade de nossas meninas do vôlei antes delas se consagrarem campeãs olímpicas em Pequim e calarem a boca dos que as acusavam de sensíveis demais.
Bela e bem-vinda, até exemplar para as crianças e jovens que dão seus primeiros passos no esporte, é o coração sensível, de quem sente demais, de nossas meninas do vôlei.
Sábado cedinho, 7 horas, tem mais. Hora da semifinal contra o Japão. E domingo, a grande final.
PS – Bem diferente do super vencedor mas histérico Bernardinho, como é bom admirar a calma e broncas nas horas certas desse excepcional treinador e ser humano, Zé Roberto Guimarães.
 
 

segunda-feira, novembro 08, 2010

O homem que amava o futebol

Nenhum outro amou – e ama - tanto o futebol como ele.
Nenhum outro precisou tanto do amor da torcida.
Nenhum outro precisou tanto escutar o seu nome gritado pelas torcidas e por todo um povo.
Leia o texto aqui

quarta-feira, novembro 03, 2010

A misteriosa morte de um campeão

Ex-tricampeão mundial (2002/03/04), ele foi o maior rival de Kelly Slater e um dos pouquíssimos atletas que mais venceram do que perderam para Slater (8 vitórias x 4 em baterias). Um surfista talentosíssimo com um raro surf tão belo quanto power e inovador. Andy Irons faleceu ontem num quarto de hotel em Dallas, Texas, por suposta overdose de medicamentos, notadamente a metadona, segundo os médicos que tomaram contato com seu corpo. A metadora teria sido usada por Irons por seu poder parecido com o da morfina, para atenuar sua dor contra a dengue. Falta ainda, porém, uma autópsia e o resultado demorará de 60 a 90 dias.
A Billabong e a família de Irons afirmam que ele estava com dengue, supostamente contraída em Portugal (hipótese muito improvável, pois a dengue é doença de países tropicais) ou Porto Rico, onde Irons estava e não teve condições de correr a etapa do Tour mundial.
Os jornalistas que investigam o caso ainda não conseguiram descobrir por que o campeão não foi internado em Porto Rico ou em Miami, onde ele ficou dois dias passando mal antes de embarcar a Dallas (escala antes de chegar a sua casa, no Hawaii).
Enquanto a causa de sua morte não é explicada, Irons, um surfista muito agressivo em sua juventude nas ilhas havaianas, mas que se tornou um cara mais tranquilo nos últimos anos, deixa a esposa, Lindy, grávida de 8 meses. E deixa, claro, a comunidade do surf em choque, especialmente amigos próximos como os mitos Mark Occhilupo e o próprio Slater, que de antigo inimigo tornou-se um brother próximo nos últimos anos.
Andy Irons tinha apenas 32 anos de idade. Infelizmente ficará na história agora como o James Dean do surf, mais um mito rebelde que parte cedo demais.

terça-feira, novembro 02, 2010

sexta-feira, outubro 29, 2010

A voz do povo

Néstor Kirchner não era um santo, mas foi o homem mais que corajoso e determinado que tirou seu país de uma crise generalizada total, tanto econômica como política e social. Deu um calote histórico no FMI, aquela instituição que era endeusada pelos poderosos antes de desabar em suas mentiras e desmandos na grande crise que arrebentou com o neoliberalismo predador; recuperou a economia argentina e fez demais pelos direitos humanos. Foi o único presidente eleito que teve culhões para colocar os militares assassinos no banco dos réus. Vai ver é por isso que os poderosos brasileiros criticam Kirchner, pois em nosso país os militares assassinos e seus colaboradores políticos não sofreram nada e, pior, muitos trabalham em Brasília...
O velório de Néstor Kirchner levou centenas de milhares de argentinos à Plaza de Mayo e à Casa Rosada (na Globo, o número foi diminuído para "milhares"). Tradução: o povo tomou 25 quarteirões do centro de Buenos Aires. O povo comovido e triste pela morte do presidente que permitiu o livre acesso do povo à Plaza de Mayo (os presidentes anteriores desciam a porrada...) para qualquer manifestação política e social.
Não acreditem, então, quando dizerem que os Kirchner (sim, há também Cristina, a atual presidente, sua esposa que terá a dura missão de continuar sem seu grande inspirador e articulador) davam dinheiro aos manifestantes. Esta é mais uma das mentiras estrategicamente elaboradas pelos poderosos (no caso, os poderosos do campo e da oposição), especialmente por esse jornal de extrema direita chamado Clarín. O mesmo Clarín, que na voz de um de seus diretores, foi o escolhido para escrever sobre Néstor no Estadão de hoje.
Contra as mentiras da grande mídia e dos opositores dos Kirchner, busco as palavras do jornal Página 12, um dos raros jornais que não é da direita na América do Sul:
"Es un dato del kirchnerismo, las Madres, las Abuelas, los movimientos sociales son locales ahí desde hace siete años. Antes “paraban” en la Plaza, clamando en la vereda de enfrente. Los cooptaron, dicen los que nada entienden. Les dieron plata, añaden. En realidad, atendieron sus reclamos, consagraron leyes y también les asignaron módicas partidas del presupuesto. Las ONG gozan de buena fama en el establishment a condición de que no batallen por los pobres, ni por la verdad y la justicia. Eso cambió en esta etapa, entre otras variables."
Sim, Kirchner não era santo, mas foi um presidente excepcional.
Por isso a Argentina parou anteontem e ontem. Fosse ele uma farsa ou um tirano, o povo jamais tomaria as ruas para homenageá-lo e para consolar sua viúva e presidenta.

sábado, outubro 23, 2010

O ano que não termina



Eram duas turmas, 8ª e 3º ano, que o espírito daqueles tempos e pessoas - tão loucos quanto reais e intensos - um dia uniu na maior viagem de formatura de todos os tempos. Perto do Zontes´99 e seus 8 avassaladores dias e noites na Bahia as outras viagens de escolas parecem simples baladas exportadas ou adolescentes que esqueceram o que é uma amizade de verdade. Aliás, talvez nunca mais exista um grupo tão unido como aquele terceirão de 99, eles e elas querendo e batalhando para ficarem juntos de verdade a cada fim de semana que chegava.
Tudo começou numa pizzaria, encontros quase semanais, e não terminou em pizza como tantas outras turmas que não têm a garra de quererem se entender e ficarem juntos. Sim, os anos são implacáveis, mas com a turma de 99 o tempo parece ser apenas uma saudade viva sempre acesa.
Saudade viva é querer encontrar esses caras loucos (mas todos já bem encaminhados em suas carreiras) e essas moças no mesmo caminho que não perdem a sensibilidade e beleza, de dentro e fora.
Saudade viva foi abraçar e conversar com muitos ontem com afeto, com o interesse sincero que demonstram estes agora homens e mulheres que não esquecem os adolescentes apaixonados e transparentes que um dia foram.
Saudade viva foi escutar e ver a beleza verdadeira de tão simples quanto grandes “senta aqui, vamos conversar”.
Saudade viva foi perceber o cuidado e o carinho de tantos ontem. Sei lá, sempre dá um pouco de apreensão de ir a encontros como esse e ser visto como aquele antigo professor romântico e imaturo demais. Mas ontem foi bom demais trocar ideias e afetos de coração e perceber que aquela família que um dia forjamos juntos ainda sobrevive.
Ainda e sempre, porque 1999 parece que jamais vai terminar.
O espírito e coração daquele ano é um túnel do tempo que nos leva de volta a um lugar mágico: qualquer lugar em que estivemos juntos naquele ano que pareceu durar uma década. Com os sentimentos que tínhamos naquele ano.
Sentimentos que voltam à tona a cada reencontro.
E é bacana demais ver as meninas de ontem hoje esposas, os moleques loucos de ontem hoje guerreiros e um até marido e os loucos pela vida de ontem hoje ainda loucos, não só pela vida hehe.
É bacana saber que tem gente que não esquece.
Gente especial, maravilhosa, única.
Gente que não envelhece na alma.
Forever Young, diamonds are forever já dizia a velha canção.
Já diziam seus jovens e sempre jovens corações.
Não deixem a vida afastá-los.
Construam suas famílias e sonhos, mas lembrem sempre de um número
de uma turma
de um símbolo
de um amor, inesquecível, chamado
1999
o ano que não termina nunca.

quinta-feira, outubro 14, 2010

Vida Real, O Encontro I

(Essa foi a mais bela foto, de pessoas que conheci, que simboliza bem o que é compartilhar)

Por que ir nesse encontro pensado por meu desejo de encontrar pessoas especiais reais, e não meros retratos e suas palavras despejadas numa telinha?
Porque o mundo virtual está se apoderando de algumas palavras que fazem muito mais sentido só quando elas existem de carne e osso (in flesh and blood, como diriam os gringos do passado, aqueles dos westerns e não esses criadores lunáticos obsessivos de novos sites e tecnologias). Uma dessas palavras chama-se compartilhar. Talvez seja a palavra-chave.
Uma coisa é compartilhar links na internet e passar para os “amigos” (meros contatos e conhecidos, talvez). Outra, bem diferente, é compartilhar momentos.
Momentos só existem quando uma pessoa está diante da outra.
Momentos só existem quando vemos um sorriso e gostamos dele.
Momentos só serão lembrados intensamente depois como inesquecíveis se vemos com nossos olhos, se escutamos a voz humana falada diretamente, se presenciamos um gesto ou fato na hora em que ele ocorre, ao vivo.
Ninguém compartilha nada profundamente enquanto está com a bunda sentada numa cadeira em frente a uma telinha longe do sol, do frio, da chuva e do vento. Longe das outras pessoas. Longe das mãos que apertam outras mãos. Longe dos dois braços que se abrem como um coração para envolver outra pessoa. Longe desta incomparável experiência que é ver a outra pessoa e falar com ela pessoalmente.
Longe de um gesto tão banal mas tão simbólico e poderoso como erguer um copo para esse fantástico ritual chamado brinde.
Ninguém brinda com um amigo por trás de uma telinha.
Por isso, meus amigos (as), meus irmãos (ãs) e amores, espero vocês nesta sexta-feira para erguermos um brinde à vida real e à nossa camaradagem real.
Hoje cedo surfei belas e longas ondas e como sempre elas lavaram minha alma, mas não completamente. Chegou uma hora em que, mesmo com o mar em boas condições, resolvi sair. Surfar sozinho tem prazo. Porque falta alguém ao lado.
Por isso peguei minha derradeira onda da session, fiz o sinal da cruz e fui embora.
Hoje cedo só lavei a alma completamente quando, antes de subir a serra, parei no canal 2 para apertar a mão de um amigo, de um filho, de um irmão. Meu ex-aluno, hoje professor de surf.
E lembrar que anos atrás a primeira vez em que ele surfou na vida foi com uma prancha minha.
- E aí, meu irmão?
- E aí, mestre?
- Só dei uma parada aqui, já tô indo embora...

O papo é breve, preciso voltar a Sampa para trabalhar mas então ele fala aquelas 3 palavrinhas mágicas;
- Pô, faz um cinco aí.

Faz um cinco, moçada. Mesmo quem já tiver um compromisso, dá uma passadinha lá no Seu Justino nessa noite de 15 de outubro. Façam uns cinco minutinhos.
Compartilhar, moçada, é tudo.
Ergo então um brinde a você que se importou e leu esse texto.
Obrigado.

segunda-feira, outubro 11, 2010

Rádio Pão na Chapa - Direto do SWU

(Brincadeira séria em forma de podcast. SWU e os imbecis que gostam de voar com seus carros. Qual a conexão? Aperta o play e escuta!)

SWU: Golpe ecológico


São tantas as críticas do público que enfrentou todo tipo de perrengue no Festival SWU que fica difícil dar conta de tantos erros e descaso da organização do evento. Só sei que ficou óbvio que os inventores deste festival usaram bem o conceito de "sustentabilidade" e defesa do meio ambiente para vender cotas de patrocínio para seu festival mas não para transformar isso em verdade durante o evento.
Queria saber quais os benefícios ambientais que os organizadores do SWU vão deixar para a população de Itu, sede do evento. Fácil responder: nenhum, ainda mais porque alugaram uma fazenda particular, a Maeda. Isso é bem diferente do que fazem outros festivais famosos por relacionarem a música com a defesa da natureza, como o Lollapallooza, nos EUA (os organizadores deste festival cuidam o ano todo da manutenção do parque onde ocorre o evento) e o Glastonbury, na Inglaterra.

Bom, alguns dos absurdos do SWU você lê abaixo, com alguns depoimentos de quem foi, publicados no blog do Estadão (dei um tapa na ortografia, por isso não tem erros):

Aline, sobre a megaconfusão e incapacidade dos organizadores do festival:
“Não vi nenhum segurança em volta dos impecilhos que tinham no meio do caminho até a frente do show (alguém poderia explicar o que eram aquelas tendas brancas que tampavam a visão do meio do palco do show?)... Não vi nenhuma ambulância, nenhum segurança além da porta, nenhum bombeiro, nenhuma pessoa de limpeza em nenhum lugar, nem tinha latões de lixo suficientes.
Não tinha água com os pouquíssimos vendedores que circulavam pelo show.
No final, não tinha nenhum tipo de venda no caminho super congestionado de saída, assim como nenhum funcionário que orientasse saída de carros, ônibus e pessoas. Tudo misturado. Aí falam: ahhh, festival de fazenda, com esse preço, dá pra imaginar onde vai o dinheiro. Sustentável?? Tem que rir. Outra questão que essa “organização” deve pensar melhor antes de cinicamente falar que os fãs são raivosos, ou que a banda (Rage Against) incitou (a invasão da área vip premium) é colocar uma baita faixa gigantesca de PISTA PREMIUM num show de massa e zuar com o campo de visão de quem tava só do meio pra trás. Burrice, coisa de gente inexperiente em eventos grandes. É a única explicação.”

Paola, que pagou uma fortuna pela área vip premium e acabou em área comum:
“O show (do Rage Against) entrou sim pra história, entrou pra história pela desorganização do evento!
É extremamente irresponsável a maneira como foi organizado esse festival, onde estavam as grades sólidas e os seguranças para evitar a invasão da área vip? Essa invasão poderia ter acarretado sérias conseqüências, e se os organizadores e a banda não tivessem conseguido acalmar o público? Quantos seriam esmagados? Quantos pisoteados??? Seria um risco tanto para os que estavam na pista comum quanto para os que estavam na area premium. É incorreto deixar a área de frente para o palco reservada para o público vip, e isso deveria ter sido pensado pelos organizadores, que agiram com muita irresponsabilidade ao posicioná-la neste local, expondo pessoas ao risco iminente da invasão.Injusto com quem pagou 1680 reais para ter um pouco de privilégio e no final é esmagado e não consegue aproveitar o show.”

Adriana, sobre o “slogan popular” apropriado para o SWU:
“E para aqueles que estavam assistindo pela Multishow: eles interromperam a transmissão porque o público gritava numa só voz: “SWU, vai tomar no c…” E lógico, cortaram a transmissão! Gritamos porque por 2 vezes ficamos sem som… e gritamos por causa do péssimo esquema de segurança. Foi um absurdo ver a horrível logística dessa SWU para levar as pessoas de volta: filas quilométricas de pessoas que pagaram tão caro para um serviço porco. Em plena madrugada, um frio congelante e as pessoas à espera de um transporte decente. Por isso que gritamos… por isso que ficamos indignados: porque é inadmissível ver tudo isso diante de um preço absurdo que pagamos para assistir nossa banda favorita.”

Pedro Hernandez, sobre sua odisseia na hora de ir embora:
“Como havia estacionado meu carro no kartódromo, tinha que pegar um busão para ir da Maeda até o tal lugar (uns 10km). RIDÍCULO!! Fiquei das 0h as 5h para conseguir chegar ao carro passando maior frio!! A galera acendendo fogueiras pra se aquecer e tudo mais. Organização totalmente amadora. Tenho pena de quem está acampando lá. Só enchendo a cara para não ligar muito para o total desconforto!!"
 
PS – Música? Rolaram alguns bons shows, mas um festival com 90 atrações e só duas de peso, Rage Against (disparado o maior nome) e Kings of Leon, merece ser chamado de festival? O pior é aguentar a parcialidade da Globo anunciando até Jota Quest como grande banda (imagina o que é banda menor no conceito dos caras...) e atirar nomes como Mallu Magalhães e outras dezenas de insossas “atrações”. E pensar que quando surgiu a notícia da festival os caras tentaram vendê-lo como o Woodstock brasileiro...

sábado, outubro 09, 2010

O motorista brasileiro é um imbecil*

"A gente vive esse delírio de que ser dono de um carro é o coroamento do sucesso individual". (Roberto da Matta, maior antropólogo brasileiro)
 Típica cena nas ruas paulistanas: saio de casa tranquilão e antes da primeira curva que vou fazer com meu carro lá vem o Imbecil. O cara gruda na traseira e começa a pressionar querendo passar como se estivéssemos em uma corrida de Fórmula 1, e eu, com um carro muito mais lento – um Clio lento mesmo, motor 1.0 -  fosse obrigado a dar passagem ao bólido mais rápido. Olho pelo retrovisor e nem consigo identificar qual é a máquina, pois nunca tive interesse nenhum por marcas de carros. Eis que chega a curva e o babaca me ultrapassa, usando a contramão, claro. Só que o imbecil, dessa vez, vai se dar mal, o que revelarei depois dos detalhes.
Detalhe 1: estamos em pleno domingo de eleição, sem trânsito nenhum. Detalhe 2, e típico em muitas dessas situações: o cara vai estacionar poucas centenas de metros depois e me pergunto? Qual a necessidade de voar se vai parar logo ali? Respondo: eles, os babacas dos volantes, sentem-se mais homens acelerando e ultrapassando os outros.
Detalhe 3: Percebo, finalmente que o carro é uma BMW. Não me perguntem o modelo, não tenho a mínima ideia. E esse dado, o carro de bacana confirma mais uma situação típica: o babaca que acha que pode passar por cima dos outros só porque tem mais dinheiro (MUITO mais, obviamente). A frase que o animal deve ter pensado e falado por trás de seus vidros escurecidos e blindados? “Tira essa merda da frente”.
Volto a cena pra trás, antes dos detalhes: digo com todas as letras um palavrão pra mim mesmo após ele passar. Por quê? O babaca me ultrapassa justo em cima da maior valeta que conheço em toda São Paulo. O barulho que faz sua máquina é colírio para os ouvidos, uma das maiores porradas que já escutei de um fundo de carro naquela valeta maravilhosa.
Pena que a lição da valeta seja rara e os babacas metidos a pilotos ou simplesmente que se acham os donos do mundo seguem cometendo os maiores absurdos nas ruas e estradas.
Pra mim são tão selvagens e estúpidos como muitos motoboys. Só que os loucos perigosos das motos pelo menos têm a “desculpa” que são pressionados por seus patrões para fazer um número absurdo de entregas em pouco tempo.
Junte esses bacanas metidos a Schumacher e os motoboys e aposto que estarão os maiores causadores de acidentes nas ruas (nas estradas há ainda o terceiro elemento sinistro da equação assassina do trânsito, os motoristas de caminhões imprudentes e/ou pressionados, como os boys, a correr para entregar mercadorias).
Acidentes? No Brasil morrem todos os anos 40 mil pessoas em acidentes no trânsito, mais do que na maioria das guerras mundo afora.
Esse é o preço que o país paga por ter se vendido à indústria automobilística lá na metade do século XX e por ter investido tão pouco no metrô e no trem.
E há ainda o preço que nós, paulistanos, pagamos por sermos tão dependentes dos carros. E egoístas, pois a maioria anda em seus carros sozinho. E motorista sozinho é um convite a se autoestimular com a própria imbecilidade.
Sim, ando geralmente sozinho, faço a mea culpa, mas pelo menos nunca tive o estúpido vício de meter o pé no acelerador nem de costurar ou pressionar os outros. O máximo que faço algumas vezes, que aprendi com o grande amigo Igor?: se tem um babaca colando atrás em um lugar onde não há como passar, o lance é reduzir a velocidade e segurar o animal e sua fúria.
Bom, quem quiser ler mais sobre as idiotices cometidas por causa de um carro, leia a entrevista com o antropólogo Roberto da Matta na Trip deste mês. Ele ainda detona a necessidade de status e falsa felicidade que muitas máquinas trazem aos seus donos. O texto pode ser lido aqui
* A generalização do título é quase verdadeira, pois no Brasil podemos afirmar que a maioria porta-se como um animal atrás de um volante.
PS - Leiam o comentário da Thaína em que ela mostra como a alta velocidade dos que pisam fundo no acelerador tem a ver com o seu baixo desempenho sexual. Sim, isso é pesquisa feita na Alemanha e que ajudou o governo a combater a estupidez no volante!

segunda-feira, outubro 04, 2010

Aprende, Brasil!

(Como me recuso a escreve sobre a lamentável entregada proposital do Brasil contra a Bulgária – perdemos por ordens do Bernardinho e conivência de nossos atletas – busco esse fantástico texto sobre os atletas e homens que merecem nosso respeito e admiração neste Mundial, os heroicos camaroneses. Enquanto o Brasil manchou o esporte e envergonhou o mundo, Camarões fez exatamente o contrário)
Um momento de ouro do esporte
Por Daniel Bortoletto (Lance, 2/10)
Verdadeiros leões indomáveis. O apelido da seleção de futebol, que encantou o mundo na Copa do Mundo de 90, na Itália, pode perfeitamente ser usado pelo time de Camarões também no vôlei, que no mesmo local mostra seu cartão de visitas para o planeta no Mundial.
A épica atuação na derrota por 3 a 2 para os Estados Unidos, atuais campeões olímpicos, me fez repensar como ver o esporte. Pode parecer exagero, mas os assuntos mais comentados nos últimos dias aqui na Itália foram negativos: regulamento feito para facilitar a vida dos donos da casa, fórmula que beneficia algumas derrotas e a possibilidade de seleções entregarem jogos por cruzamentos mais fáceis nas fases seguintes. Coisas que não combinam com o esporte que os camaroneses mostraram na quadra do Pala Rossini, em Ancona.
Vôlei de gente que joga por amor em quadras de terra no país africano, com salários irrisórios, que canta o hino abraçado com o companheiro do lado, com os olhos marejados, que bate no peito para agradecer pelo apoio dos compatriotas nas arquibancadas, que dá peixinho pela vitória em um rally disputado... E, para demonstrar o respeito por quem o aplaudiu de pé após a derrota histórica, sai de quadra diretamente para abraçar, um a um, os torcedores do país que ali estavam. E depois cantam e dançam juntos. Uma cena que nunca havia visto na vida. Que emociona pela pureza, como deveria ser o esporte em todos os momentos.
Pureza que os jogadores de Camarões voltaram a demonstrar na saída da quadra. Ídolos naquele momento especial, que vai marcar mesmo com derrota, eles voltaram à condição de fãs e foram pedir autógrafos e fazer fotos ao lado dos rivais americanos. O oposto Stanley era o mais assediado. Mostrando também como um jogador renomado deve se portar, atendeu a todos e admitiu:
- O esporte é fantástico por permitir experiências assim.
O técnico Peter Nonnenbroich, alemão de nascimento e camaronês por adoção, abusou da sinceridade para explicar o que seu time havia acabado de fazer;
- Podemos jogar mais dez vezes contra eles e nas dez não iremos repetir este feito. Se eu dissesse que iria levar o jogo com os campeões olímpicos para o tie-break, há alguns dias, vocês não iriam acreditar. E com razão.
Obrigado, sorte, por me permitir vivenciar esse momento.
PS - Camarões já foi eliminado, mas sua lição de amor ao esporte, coragem e dignidade jamais será esquecida.

domingo, outubro 03, 2010

Esporte e garra contra o tráfico

(Mais uma profunda, bela e vital reportagem de Régis Rolsing, no Esporte Espetacular de hoje, agora sobre o poder do esporte e dos projetos sociais para tirar meninos do tráfico de drogas no Rio. E reparem como as canções do U2 e da Madonna, que rolam na matéria, são perfeitas como retrato da miséria e da esperança reinante na favela de Vila Cruzeiro.)

terça-feira, setembro 28, 2010

Não há nada igual

Não existe modalidade mais emocionante e dramática. Em segundos, às vezes em um segundo apenas, ou em até menos tempo, tudo muda. A loucura chamada basquete pede o clichê, que é pobreza de estilo mas muitas verdes uma verdade incontestável: o basquete é uma montanha-russa supersônica de altos e baixos em reviravoltas espetaculares. Aconteceu de novo hoje com a fraca seleção brasileira feminina que joga o Mundial na Repúblic Tcheca. Fraca mas não é por isso que o que elas fizeram hoje não possa ser valorizado. Mesmo contra as baixinhas japonesas, a emoção insana dessa modalidade que é vertigem pura nos envolveu diversas vezes. Perdíamos o jogo por 3 pontos quando no último ataque a veterana Helen Luz atacava, bola dominada em suas mãos hábeis e equilibradas, e avançava em direção à cesta rival. O tempo corria rápido (sempre corre no basquete, mais rápido que em outras modalidades pois há apenas 24 segundos para se definir uma jogada em cada ataque), 10, 9, 8, 7, 6, 5, Helen para na boca do garrafão procurando quem vai servir ou se vai ter espaço para ela mesma decidir. 4,ela consegue iludir uma marcadora e passa a Silvia, 3, 2, Silvia pega a bola, e pouco antes do 1 chuta de três pontos e empata a partida milagrosamente, vamos para a prorrogação.
A loucura prossegue na disputadíssima prorrogação, quando até a despirocada e afobada Iziane começa a acertar jogadas e arremessos sensacionais (como uma infiltração á velocidade da luz e um chute de 3 cabuloso), Helen manda outra pra 3, o tempo passa, o Japão passa na frente com erro brasileiro, mas depois elas que erram, passamos à frente, a prorrogação vai acabando, Brasil um ponto na frente só... o Japão tem a última bola, faltam menos de 8 segundos, a moça de olhos puxados avança, chega perto do garrafão, prepara o arremesso e centésimos de segundo depois que a bola sai da sua mão, leva um toco da melhor jogadora brasileira disparada, a pivô Érika. O Brasil vence. Lava a alma. Se vencerem mais uma chegarão às quartas de final e esconderão um pouco os vexames que já demos nesse Mundial. Esconderão também a péssima estrutura e organização do basquete feminino do país (ver mais no blog Rebote, no site Globo.com).
Só não esconderão essa maravilha proibida para cardíacos chamada basquete, o esporte mais eletrizante e imprevisível criado pelo homem.
Que outro esporte pode fazer o nosso coração disparar assistindo a breves instantes, como fiz hoje na hora do almoço.
Um segundo é uma vida no basquete, como percebeu Silvia hoje.

domingo, setembro 26, 2010

Pausa feliz


(Como o tempo anda escasso pelos trabalhos e isso aqui anda meio abandonado, nada melhor que fazer uma pausa com o seriado mais engraçado da tv mundial. Sheldon, o louco nerd viciado em cultura pop, e a musa Penny, a loura que não é burra, sempre impagáveis)

sábado, setembro 18, 2010

A Companhia Fundamental


Por que sempre lembramos de pessoas especiais quando os olhos marejam e a garganta embrulha ao encararmos cenas difíceis em “simples” filmes? Por que a dor dos personagens ou a alegria máxima deles desviam nosso olhar interior para as pessoas que nos marcaram? Será que essas pessoas  sabem que elas nos marcaram de alguma forma e que em momentos críticos lembramos, muito, delas? Mas por que sentimos uma enorme vontade, até necessidade, de procurá-las e não o fazemos? Por que o filme que dispara nosso coração ou quase o faz parar não nos acorda e faz restabelecer contatos que o tempo empurra para tão longe?
A profissão de Jack é uma guerra diária, mas uma batalha muito mais nobre do que soldados lutando guerras. Jack é um bombeiro, enfrenta o caos de prédios desmoronando em chamas para salvar vidas. Jack é um herói e sua coragem e vida dramática no trabalho, junto da sua família maravilhosa e amigos do peito tão fiéis vão nos envolvendo como se o conhecêssemos. Como se fosse um amigo. Como se fosse uma daquelas pessoas tão boas que um dia foram tão presentes ou nos ajudaram ou ensinaram em breves momentos eternos.
Jack parece ainda mais real porque atrás dele está um dos atores mais viscerais – emoções explodindo em seus olhos que dizem tanto – que o cinema já teve, Joaquim Phoenix; ele mesmo, o gigante em humanidade que já nos deu a poderosa cinebiografia de Johnny Cash.
Jack tanta engolir a dor e o medo ao ver um companheiro de trabalho mais que ferido; ou ao perceber o misto de pavor e admiração da esposa por seu trabalho tão arriscado.
Jack é um herói.
Jack é todo aquele que em algum momento se preocupou com a gente e estendeu a mão no meio dos incêndios recorrentes que temos que apagar nesse grande prédio chamado vida. Um edifício que vamos construindo sem nunca acabar como se fosse a catedral inacabada de Gaudí em Barcelona. A catedral que o gênio espanhol batizou de Sagrada Família.
Sagrada Família que é você, você e você, e tantos outros e outras, meus amigos, minhas musas e amadas que um dia significaram tanto.
Graças que filmes simples, mas marcantes como a Brigada 49, nos lembram que o significado persiste.
Persiste dentro da gente como o bombeiro que, assimilada a tragédia, vai de novo entrar num prédio em chamas. Porque há sempre alguém a salvar.
Um alguém que pode ser nós mesmos.

Lembrem que bombeiros trabalham num coletivo, numa Companhia chamada Brigada. Uma briga de companheiros que trabalham juntos pela vida.
Mas esse “juntos” só pode valer se as pessoas distantes lembrarem como é bom um reencontro.
Quem quiser erguer um brinde à vida, ao passado e ao futuro que tenha a beleza de tentar rever os seres especiais que um dia passaram por vocês.
Rever de verdade, olho no olho, abraços mais abraços, mãos apertadas e palavras trocadas. Podem começar com um simples mas poderoso telefonema.
Façam isso enquanto o mundo não vira um grande emaranhado de meras mensagens, scraps, virtuais.
O virtual não permanece.

* Dedico esse texto ao jovem Henrique, um ex-aluno brincalhão que a gente achava meio maluco. Um dia ele virou pai. Um dia ele amadureceu. Um dia ele me reencontrou, no pouco tempo em que tem para voltar ao Brasil, e me disse como nossas aulas foram importantes. Henrique sempre foi daqueles caras transparentes e bom coração. Talvez por isso ele hoje esteja trabalhando como bombeiro.  

  

quinta-feira, setembro 16, 2010

Caráter não tem idade

Na primeira vez em que ele humilhou um adversário (o chapéu, fora de jogo, em Chicão) muitos disseram que foi apenas irreverência. Suas paradinhas debochadas nos pênaltis os mesmos defenderam como arte, habilidade e atacaram até a FIFA, que acertadamente acabou com essa covardia contra os goleiros. Enquanto isso suas "gracinhas" - como bem definiu Ronaldo, o eterno Fenômeno (o presente não apaga o Mito) - nas comemorações dos gols só cresciam e irritavam os adversários. Os defensores seguiram com a balela, chamando as dancinhas pejorativas de alegria. Por isso tudo, a máscara de Neymar foi aumentando cada vez mais.
A máscara e seu hábito de humilhar adversários mesmo quando a bola está parada, como fez de novo ao dar um balãozinho, há duas semanas, em Marcinho Guerreiro, do Avaí. Neste mesmo jogo contra os catarinenses Neymar debochou dos rivais dizendo-se um "milionário" enquanto os rivais não são. O mesmo raciocínio estúpido foi usado em menor escala, mas com o mesmo tom de superioridade de quem ganha mais, pelo goleiro reserva do Santos no famoso episódio do Twitcam, em que o goleiro disse que o salário de um torcedor era menos do que ele gastava com a ração de seu cachorro.
Ao mesmo tempo, Neymar ainda continuou com suas seguidas encenações ao se jogar em qualquer contato físico, mais duro ou não. E quando tomava faltas, dizia-se perseguido, no que foi defendido também por muitos jornalistas que diziam que a sua arte estava sendo caçada com violência.
Sim, Neymar tem muita arte, como há muito não se via no futebol brasileiro, seus dribles são impressionantes e ele sabe ser objetivo com essa habilidade, quando quer. Só que Neymar prova a cada jogo e semana que sua arte parece do mesmo tamanho de sua debilidade de caráter. "Ah, é só um menino, um jovem imaturo", o defenderão de novo. Esquecem que decência não tem idade. Pessoas amadurecem, mas não mudam de caráter, a não ser nas novelas da Globo em que vilão vira mocinho da noite pro dia.

O caso é que ontem Neymar finalmente ganhou sua medalha de ouro em estupidez, indignidade, desrespeito e todas as outras faltas truculentas em caráter. Ao atacar (xingar mesmo) o treinador que sempre o apoiou e defendeu, o cavalheiro Dorival Junior (personagem tão raro no sujo futebol brasileiro), Neymar tirou o disfarce de vez.
Por muito menos, vivo estivesse, o grande Nelson Rodrigues, já o teria chamado com a palavra certa, aquela que rima com navalha.
PS - Neymar chegou tão longe que no seu chilique (mais um de uma série incontável, mesmo ainda tão jovem na carreira) que até a torcida do Santos não duvidou de que lado deveria ficar ontem. Do lado de Dorival, que teve seu nome gritado contra o craque. Contra uma das mais nojentas série de atitudes tomada em um só jogo por um jogador de futebol. E eu que criticava tanto Robinho. Perto dele, o Máscara do Milan anda parecendo garoto traquina do jardim de infância. 

segunda-feira, setembro 13, 2010

Uma praia chamada memória


Ela me chamou de volta quando eu mais precisava. Ela, a praia que me dá o sonho completo: trabalho com prazer, ondas e o horizonte amplo de areia, mar e céu que tanto acalma o espírito, sobretudo para um paulistano.
Ela, a praia que me faz, pelo menos a cada sexta-feira, esquecer do coração vazio. A praia que me devolveu a incomparável bateria de não sei quantos mil volts chamada surfe.
Ela, a cidade de pessoas mais simples e por isso talvez mais sábias. Como pode alguém que se demitiu de uma escola ser chamado de volta para dar o curso que quer, do jeito que quer? Só mesmo em Santos e seus homens e mulheres que enxergam a Educação de uma forma mais clara, pura e bela.
Aconteceu em agosto. Na minha volta fui recebido, na praia e cidade vizinha que adotei como lar, com pequeninas ondas que agigantaram meu coração e resgataram aquele sorriso espontâneo que invade a mente e alma a cada session. Que purificam. E como é bom, depois da session, encontrar alunos e alunas tão especiais, tão espirituosos, divertidos e profundos como a melhor onda do dia. Sim, estudantes são ondas quando nós, professores, surfamos juntos. Quando compartilhamos.
Há algo mesmo diferente na praia que não esquece. Um lugar tão mágico que realizou um sonho quase impossível para qualquer professor: voltar a dar aulas para uma aluna tão especial. Uma ex-aluna, de outra escola, que agora, na oficina de sexta-feira, voltou a ter aulas comigo. Porque ela não esqueceu.
Porque outros e outras também não esqueceram, e voltaram a me encontrar. Sim, eles querem aprender dicas de como se sair bem na redação do Enem e dos vestibulares mas sei que não é só isso. A gente sente a diferença em simples alunos e surfistas da vida. A gente sente a diferença de simples aulas para encontros. Sim, é essa a palavra: encontro. Toda sexta-feira um professor chega lá na ponta da praia, recarregado de surfe e vida, para o grande encontro, para a gostosa reunião com os surfistas-aprendizes do colégio Universitas. Uma molecada diferente, tão vivente em cada olhar, pergunta e brincadeira. Garotos e meninas com objetivos claros de entrar numa boa faculdade mas sem perder a rara capacidade de transmitir ternura e alegria em uma simples oficina de redação.  
Alegria que prega na pele, ainda mais com a belíssima session desta sexta, swell ainda forte, um metro abrindo e debaixo de meus pés a velha pranchinha que eu tinha deixado um pouco de lado por uma prancha nova que ainda não dominei.
A velha pranchinha me deu então seu belo e vital recado: não me esqueça, olha o que eu ainda posso fazer...
O que ela pode fazer ainda? Passear comigo, brincar nas ondas, deslizar com rara velocidade, manobrar com força, tudo em total sintonia. E olha que ela me deu isso em um pico diferente, ao qual não estávamos acostumados, não na minha querida Itararé, mas em Santos mesmo.
É bom demais termos uma história juntos. Já curtimos e amamos as sessions mais inesquecíveis. É, a ânsia pelo novo nos faz deixar de lado o que nos deu tanto amor e alegria. Por que abandonamos uma prancha por causa de algumas quedas ruins? Por que culpamos a prancha em vez de nossos próprios erros?
Por que abandonamos não só as pranchas-companheiras mas também as pessoas importantes em nossas vidas? Por que o homem e a mulher deixam de lado quem ainda lhe poderia dar tanto afeto e experiências?
Graças então que essa praia não esquece. Graças que ali existem educadores, surfistas e jovens fiéis.
Como é bom voltar toda semana à uma praia e pessoas com uma memória do tamanho e beleza de seus corações.
Por que não percebemos que a vida e o amor podem ser tão simples e profundos como uma canção?
"I need your lovin´like the sunshine, everybody´s gotta learn sometime..." 

sábado, setembro 11, 2010

Isto é basquete


Faltavam cinco décimos de segundo. O sonho da maravilhosa e apaixonada torcida turca, 15 mil pessoas, se desvanecia frente ao fantástico time sérvio. Mas o que é menos de um segundo no basquete? Tempo suficiente para uma última tentativa, uma última cesta, um último sonho... realizado. Amanhã o mundo torcerá para a Turquia contra os pelés do basquete, os EUA.
* Um apaixonante texto, de Danielle Rocha, sobre a incrível semifinal vencida pela Turquia você pode ler aqui

quinta-feira, setembro 09, 2010

Pequena grande história


Dois garotos que amam a mesma menina, confusa mas cheia de vida, irresistível; ela ainda canta... Um adolescente que não conhece o pai, fotógrafo humanista que o abandonou ainda na barriga da mãe para tentar salvar o mundo. E 15 anos depois tenta estabelecer contato com o filho e mostrar-lhe a diversidade e riqueza do mundo. Uma pequenina cidade gaúcha tão distante das alternativas e experiências que o mundo oferece, mas tão bela em sua simplicidade, belezas da natureza e nos valores mais genuínos de amizade, amor e família. Antes que o mundo acabe é um pequeno filme gaúcho (o premiado cineasta Jorge Furtado é um dos roteiristas) que parece inspirado na maior qualidade do rico cinema argentino: contar uma pequena história com delicadeza, profundidade e emoções nada apelativas.
Palmas também à diretora, Ana Luiza de Azevedo, que colocou sua visão feminina intimista e também solar em cima do gostoso livro em que se baseou o filme, de mesmo nome. A naturalidade dos adolescentes do filme, alguns deles já com a rica experiência de curtas-metragens na TV RBS, emprestam ainda mais veracidade e poesia a esse típico filme que nos faz sorrir e sonhar com uma vida pessoal mais calorosa e um mundo melhor. Corra pra ver antes que saia de cartaz.

quarta-feira, setembro 08, 2010

A canção dos 20 anos do Mito RC


It´s a long way to the top... O maior de todos os tempos sabe muito bem como é longo o caminho para o topo. Porque ele chegou lá e fincou, no Everest da bola, a bandeira do seu peito, a bandeira tricolor. O ponto mais alto chamado Título Mundial. Mundial que ele ganhou para o São Paulo com aquela que foi talvez a maior atuação de um goleiro na história do futebol mundial: o dia em que ele parou o Liverpool na final de 2005.
AC-DC, a banda preferida de Rogério e uma canção que tem tudo a ver com a trajetória deste goleiro e artilheiro fantástico. It´s a long way to he top, meus caros arquirrivais que não conhecem o topo do mundo. O topo que foi nosso três vezes, a ultima graças a esse mito vivo. Esse eterno camisa 1.
E como é bom ter um goleiro metaleiro, legítimo herdeiro do fãzaço do Iron Maiden, o grande Zétti que nos deu os dois primeiros títulos mundiais. O resto não conhece o topo, o resto é pagodeiro, funk e sertanejo pop de quinta categoria. Porque camisas 1 de verdade têm no número bordado nas costas um 1 que é igual ao raio dos deuses dos trovões do metal.
Enquanto os outros fazem batuquinhos em banquinhos e violõezinhos, nós fazemos solos de guitarra e gritos de campeão do mundo!!! Parabéns e obrigado por seus anos de Tricolor, Rogério!!!

terça-feira, setembro 07, 2010

Scola, erros e sumiço engolem o sonho brasileiro


   (Huertas e sua atuação monumental quase levaram o Brasil mais longe)
Os brasileiros não conseguiram parar o espetacular ala-pivô argentino, Scola, que dominou o garrafão ofensivo (de onde fez a maioria de seus arremessos) botando no bolso Tiago Splitter e, sobretudo, Anderson Varejão, para marcar 37 pontos (!). Outros 20 pontos do excepcional ala Delfino e um trabalho excepcional do armador Prigioni completaram a supremacia argentina, mesmo com uma guerreira atuação dos brasileiros, que jogaram de igual para igual nos acirradíssimos três primeiros quartos. O grande homem brasileiro foi o armador Marcelinho Huertas, 32 pontos, algumas roubadas de bola e cestas incríveis de 3 pontos. Leandrinho esteve bem até o quarto final quando repetiu a história de outros frustrados carnavais: começou a chutar de 3 no desespero e ainda perdeu a bola do jogo quando faltavam menos de dois minutos para o fim do jogo e perdíamos por apenas 2 pontos. Tinha a bola dominada mas perdeu-a com o seu habitual descontrole na hora H.
O treinador argentino do Brasil, Rubén Magnano, conseguiu de novo tirar o máximo da maioria de seus jogadores, colocando quase todos para jogarem bem (exceto Raulzinho, que não entrou, e o ET Nezinho, como sempre em outra órbita...), com determinação e aplicação. Mas Magnano não contava com o rendimento baixo debaixo da tabela de Splitter (10 pontos mas não conseguiu deter Scola) e, especialmente, do omisso Varejão (7 pontos), que se escondeu no quarto final e lutou muito menos que Splitter, que pelo menos conseguiu forçar muitas faltas em seus defensores.
Falta aos pivôs brasileiros também um décimo da manha de outro gigante argentino, o pivô Fabrício Oberto.
No final, nossos homens da NBA foram quem entregaram o ouro (Leandrinho e Varejão), mas pelo menos o Brasil voltou a ser respeitado, graças a Huertas, Splitter, Marcelinho Machado (10 pontos), Guilherme (7) e Alex.
Justo, porque esse envelhecido mas cirúrgico e matador time argentino é simplesmente vice-campeão mundial (2002) e campeão olímpico (2004). E ninguém é mais letal que Scola, que arremessa com toda a marcação em cima como se enfrentasse apenas vento, como se tivesse uma metralhadora em suas mãos impiedosas. É ele o grande monstro do Mundial até agora.