segunda-feira, novembro 29, 2010

Mais um recital histórico

Todos os detalhes da magistral apresentação do Barcelona de Xavi, Iniesta, Messi e cia contra o Real Madrid, 5 a 0, fora o baile, você lê aqui

quinta-feira, novembro 25, 2010

A última canção


   Todos os dias quando acordo
   Não tenho mais
   O tempo que passou


A última canção e as últimas perguntas são sempre as mais duras.
Partir, para eles, é sempre duro.
Ficar, para mim, é sempre duro.
Sim, fico feliz por perceber como eles e elas cresceram. E como ganharão o mundo. Mas a gente, o suposto adulto mais maduro, não está preparado para certas perguntas:
“Como será a minha vida a partir do ano que vem, sem suas músicas, seus textos, suas palavras e abraços?”, assim ela perguntou na última redação.
Não sei.
Não sei, sobretudo, como será a minha vida sem seu sorriso preguiçoso das 7 da manhã. Sem seu olhar indecifrável (nunca descobri se era sono, um “não tô entendendo nada” ou “pode falar que eu tô pensando fundo” hehe).
Sem seu abraço, tão forte e sincero, que reunia cada pedacinho dolorido e colava o mais partido dos homens.

De repente estavam todos vocês escrevendo.
De repente eu queria que suas folhas de papel não terminassem nunca.
De repente acabou.
De repente eu li:
“Você me ajudou a melhorar, a mudar”

Vai, garoto, sempre em frente!

De repente minha cachorrinha cega largou o sofá lá de baixo e apareceu aqui em cima pra ficar comigo. A mesma cachorrinha do notebook com que eu tocava as canções pra vocês.
Não sei o que a Capitu quis me dizer. Só sei que existirá um dia um avanço tão grande nas comunicações e no coração humano que antigos alunos que quiserem ver seu antigo professor poderão simplesmente pensar e aparecer. E o professor simplesmente sentará no chão com eles, baterá aquele papo, tentará dar algumas indicações e tocará mais alguma canções.
E o professor ainda dirá: “pega uma folha de papel...”. E o antigo aluno ou aluna simplesmente começará a escrever no caderninho que trouxe da nova vida de onde veio.

Só sei que não haverá mais
a menina tímida e guerreira tentando se expressar e mostrar o quanto gosta da gente, mesmo se eu a zoasse sempre com a mesma tolice da mostarda e tirando onda da sua paixão pelos mangás;
o moleque meio grosso e metido a durão, que na verdade era um ser tão leal quanto a própria definição de lealdade, por isso ele tentou dizer tanto no último dia, ele não queria que acabasse;
a pequenina mais tímida ainda, que lá do seu silêncio recebia cada texto, filme e música com um grito interior; o grito de sua vontade de viver após encarar tantas adversidades;
o garoto contestador de tudo que um dia começou apenas a dialogar e ajudar a acordar uma turma toda com sua atitude;
a menina-âncora que não saía do lugar e não parava de falar enquanto semeava alegria e esquentava nosso corpo e alma com o mate quentinho que trazia de seu povo e coração;
a doce menina recém-chegada que tinha medo de mostrar a verdade de seu coração e um dia descobriu que “tenho certeza que não vim parar à toa aqui. Existia algum propósito...”;
o menino preguiçoso que várias vezes se transformava num mini rocky balboa pelo tamanho, enorme, de seu coração; o porão, o porão... já dizia o grande Rocky.
o moleque que mergulhava em cada debate com a mesma vontade e paixão que despejava no tatame de seus sonhos, e esse moleque ainda sabia, muitas vezes, me mostrar como essa aula era importante;
a menina mais sofrida, e mais valente, aquela que um dia teve a coragem de expor sua história de vida na frente de todos, porque seu professor debiloide que não tinha preparado aquela aula inventou de pedir para cada um contar a sua história, e ela seguiu tendo coragem de falar as coisas mais importantes;
A menina ex-emburrada que cada vez mais ia deixando a birra por aquele rosto sublime de quem olha com amor e recebe com amor. A menina que um dia lhe disse que tinha letra feia de homem e quase a perdi por isso. Sorte que naquele tempo ainda tínhamos aquela canção:
Temos muito tempo
temos todo o tempo do mundo


Sorte que um dia ela começou a escrever com uma beleza rara, mesmo com aqueles garranchos (haha, brincadeira!).
Sorte que um dia ela, que odiava ver meus vídeos, me disse que agora amava ver filmes, e teve questão de me dizer isso com uma gratidão no tom de voz e olhos que dizia tudo.

Não foi tempo perdido.
Nunca era com vocês.

“A próxima vez que te ver quero vê-lo muito muito feliz... espero poder ouvir você contar que ensinou surf para sua filha”, disse a guerreira da mostarda.

Sim, sonho com isso. Mas hoje, mesmo triste demais pela partida de vocês, sinto-me muito feliz por ter ensinado alguma coisa e, sobretudo, aprendido tanto, com vocês.

Então me abraça forte
E diz mais uma vez...

Obrigado por essas aulas-encontros-terapias inesquecíveis.
Obrigado por terem tornado essas aulas em experiências de aprendizados e amor.
Obrigado por tanta força e afeto sincero por seu professor.
Obrigado por suas últimas redações.
Obrigado por sua última frase, mas não sei respondê-la, minha querida:
“Vou sentir sua falta... e agora “quem é que vai nos proteger?”

PS – Esse texto é também para todos os outros que começaram o ano junto com a gente.
Para a menina que participava tanto e olhava como o coração tão transparente que ela tinha, e ainda tinha aquele maravilhoso sotaque engraçado.
Para a moça que mesmo tão bela tinha ainda mais bonito o olhar e suas palavras doces como música
Para a nossa querida ex-mais briguenta que um dia se transformou na mais meiga, e ainda tinha a coragem de torcer pela gente e dizer isso para nos animar
Para o cara que parecia ser mais reservado mas que um dia, após aquele filme do Che, percebi ser um grande coração sonhando com um mundo melhor, para todos
Para o mais vagabundo mas um vagabundo como Carlitos – humano, querido, engraçado e afetuoso como um filho.
PS 2 - O texto é também para todos os moleques e meninas especiais que um dia tiveram a honra de estudar, aprender e viver com essas pessoas inesquecíveis.

domingo, novembro 14, 2010

Faltou pouco

Gamova pulveriza o bloqueio triplo brasileiro
Após uma monumental virada na semifinal contra o Japão - de ataque muito rápido e uma defesa fantástica das nipônicas - um dramático 3 x 2 após perdermos os dois primeiro sets, com uma dura perda de 35 a 33 no 2º set, não deu para vencer o poderoso ataque e bloqueio das russas lideradas por essa implacável Gamova, a gigante no tamanho e técnica, 33 pontos na decisão. Sim, perdemos de novo um jogo decisivo para as russas no tie-break, como acontece em Atenas´2004 e no Mundial de 2006. Mas pelo menos agora os idiotas não poderão dizer que “as meninas amarelaram de novo”. Não poderão dizer isso porque vencemos as russas na semifinal de Pequim´2008 e depois as meninas trouxeram o ouro.
Não vencemos hoje por alguns motivos-chave: a levantadora Fabíola tentou, mas substituir a mágica e fria levantadora Fofão, é impossível. Falta a Fabíola a velocidade que a veterana imprimia e uma maior versatilidade na hora de distribuir. Ou seja, Fofão era genial, Fabíola apenas uma boa levantadora.
Outro problema de ausência: duas campeãs olímpicas em Pequim, a titular Mari, nossa atacante mais fria, e a sempre importante Paula Pequeno, outra atacante poderosa, não estiveram no Mundial por se recuperarem de cirurgias.
Na decisão de hoje as brasileiras não conseguiram parar a impressionante Gamova e faltou mais calma para vencer o bloqueio russo. Apenas Sheila, em maior escala, e depois Natália, conseguiram virar mais bolas, mas a jovem Natália pecou em alguns momentos por tentar furar a muralha adversária em vez de explorar o bloqueio, como sempre pedia nos tempos o treinador Zé Roberto. Nossa outra atacante, Jaqueline, teve altos e baixos, e cometeu o mesmo erro de Naty em alguns lances decisivos.
Nossas meios de rede, Thaísa e Fabiana, foram bem no ataque, mas poderiam ter sido mais acionadas por Fabíola, e poderiam ter rendido bem mais no bloqueio. E faltou a Thaísa ficar mais ligada: tomou umas três bolas de segunda da levantadora russa e ainda não colocava a mão no ângulo correto em várias tentativas de bloqueio.
Não deu. Mas no vôlei, mais importante é sempre a Olimpíada. Esperemos então estar com time completo em Londres´2012 e que Fofão, quem sabe, aceite repensar sua aposentadoria da seleção. Com ela podemos sonhar com o segundo ouro olímpico. Sem ela, ou aparece uma jovem com muito talento ou dependeremos de novo de levantadoras apenas boas, não excepcionais, como Dani Lins e Fabíola.
S - A história poderia ter sido diferente caso o árbitro coreano não tivesse mudado a marcação do bandeirinha em um momento-chave do jogo. Era o tie-break, Sheila atacou uma bola boa, era o 8 a 6 para o Brasil. O juiz principal deu a bola como fora, as russas empataram em 7 a 7 e daí pra frente comandaram o placar até vencerem o set e o jogo. Detalhe: esse juiz coreano foi o mesmo que arbitrou as outras duras derrotas polêmicas do Brasil para a Rússia, em Atenas e no Mundial passado. Zé Roberto pediu que ele não fosse escalado. A Federação não aceitou.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Exemplares na quadra e caráter


Ah se todos os grandes atletas brasileiros fossem assim. Na madrugada de terça pra quarta, acordei para vê-las. Acabei capotando, mas acordei a tempo de vê-las dando entrevistas ao final da bela vitória contra as americanas. Quando Jaqueline surgiu, o repórter perguntou como se sentia ao ter se destacado tanto no ataque, o que não é comum já que Jaque faz mais funções defensivas e técnicas (tem o melhor passe da seleção e defende como poucas). Jaque, mesmo sendo a maior pontuadora da partida, respondeu: “Sou mais uma coadjuvante mesmo, jogo para a equipe, mas é bacana quando faço muitos pontos”.
Sim, essa formidável Jaqueline, jogadora completa (poucas no mundo defendem e atacam tão bem, e são tão técnicas), preferiu assumir sua condição de carregadora de piano do que aproveitar os louros de seus 18 pontos em partida tão dura contra as vice-campeãs olímpicas. Fiquei imaginando se algum grande nome do nosso futebol teria a humildade de mostrar a mesma opinião.
Pouco depois, outra que fez belíssima partida, a meio de rede Thaísa, começou a chorar quando a TV a colocou em contato, direto do Japão, com seus pais, que estavam no Brasil. Lembrei dos idiotas que criticavam a sensibilidade de nossas meninas do vôlei antes delas se consagrarem campeãs olímpicas em Pequim e calarem a boca dos que as acusavam de sensíveis demais.
Bela e bem-vinda, até exemplar para as crianças e jovens que dão seus primeiros passos no esporte, é o coração sensível, de quem sente demais, de nossas meninas do vôlei.
Sábado cedinho, 7 horas, tem mais. Hora da semifinal contra o Japão. E domingo, a grande final.
PS – Bem diferente do super vencedor mas histérico Bernardinho, como é bom admirar a calma e broncas nas horas certas desse excepcional treinador e ser humano, Zé Roberto Guimarães.
 
 

segunda-feira, novembro 08, 2010

O homem que amava o futebol

Nenhum outro amou – e ama - tanto o futebol como ele.
Nenhum outro precisou tanto do amor da torcida.
Nenhum outro precisou tanto escutar o seu nome gritado pelas torcidas e por todo um povo.
Leia o texto aqui

quarta-feira, novembro 03, 2010

A misteriosa morte de um campeão

Ex-tricampeão mundial (2002/03/04), ele foi o maior rival de Kelly Slater e um dos pouquíssimos atletas que mais venceram do que perderam para Slater (8 vitórias x 4 em baterias). Um surfista talentosíssimo com um raro surf tão belo quanto power e inovador. Andy Irons faleceu ontem num quarto de hotel em Dallas, Texas, por suposta overdose de medicamentos, notadamente a metadona, segundo os médicos que tomaram contato com seu corpo. A metadora teria sido usada por Irons por seu poder parecido com o da morfina, para atenuar sua dor contra a dengue. Falta ainda, porém, uma autópsia e o resultado demorará de 60 a 90 dias.
A Billabong e a família de Irons afirmam que ele estava com dengue, supostamente contraída em Portugal (hipótese muito improvável, pois a dengue é doença de países tropicais) ou Porto Rico, onde Irons estava e não teve condições de correr a etapa do Tour mundial.
Os jornalistas que investigam o caso ainda não conseguiram descobrir por que o campeão não foi internado em Porto Rico ou em Miami, onde ele ficou dois dias passando mal antes de embarcar a Dallas (escala antes de chegar a sua casa, no Hawaii).
Enquanto a causa de sua morte não é explicada, Irons, um surfista muito agressivo em sua juventude nas ilhas havaianas, mas que se tornou um cara mais tranquilo nos últimos anos, deixa a esposa, Lindy, grávida de 8 meses. E deixa, claro, a comunidade do surf em choque, especialmente amigos próximos como os mitos Mark Occhilupo e o próprio Slater, que de antigo inimigo tornou-se um brother próximo nos últimos anos.
Andy Irons tinha apenas 32 anos de idade. Infelizmente ficará na história agora como o James Dean do surf, mais um mito rebelde que parte cedo demais.

terça-feira, novembro 02, 2010