domingo, maio 20, 2007

Ele voltou


Inesquecível. Muito mais que uma imitação. Alma. Emoção. Calor. Técnica. Arte. Espetáculo. Comoção do público. Magia. Só mesmo muito amor por uma banda para existir algo chamado Diós salve la reina, uma das melhores bandas covers do Queen do planeta. E eles estiveram aqui em Sampa ontem à noite, surpreendendo a todos que estiveram no Via Funchal. Logo na entrada, damos aquela risada gostosa ao vermos a incrível semelhança do cantor Pablo Padín com Freddie Mercury. Logo as risadas são substituídas pela emoção de descobrir que o argentino tem voz (e isso não é mentira!) parecida com a do maior vocalista de todos os tempos, Freddie. Sim, ele não consegue alcançar aquelas esticadas de voz monumentais do mito, nem tem tantos recursos de variação, mas é sim o espírito da garganta do líder do astro que escutamos. É sim algo muito parecido com o Queen que ouvimos, sensação reforçada ao acrescentarmos os outros três fantásticos músicos da banda, especialmente o guitarrista Francisco Calgaro, que toca uma réplica da guitarra Red Special, do gênio das cordas Brian May; e destaco também o batera dessa banda cover, o cabeludo meio Maradona louro que simplesmente estraçalhou sua batera feito um coração se declarando com a maior beleza e sinceridade do planeta.

Algo mágico demais aconteceu ontem à noite, por isso tantos sorrisos de satisfação espontâneos ao longo da noite toda, por isso tanta gente fazendo solos imaginários de guitarra, de moleques a coroas, de crianças às deusas morenas da platéia (me perdoem as louras, mas quando as morenas têm charme...). Por isso tanta gente cantando junto e batendo palmas.
O set list de ontem? A primeira a emocionar foi Somebody to Love, e haja culhão do argentino para tentar fazer essa versão de um original em que Freddie chegava a lugares jamais alcançados na história do rock, e ele se saiu muito bem. Depois teve I want to break free, Who wants to live forever (tema do filme Highlander), Radio Ga Ga, Save Me, Crazy little thing called love, a balada maravilhosa pouco tocada hoje, Jealously, I want it all e, claro, em número espetacular, Love of My Life, etc etc. A última canção? Uma honestíssima versão da ópera rock, Bohemian Rhapsody.

No bis eles voltaram atendendo aos gritos da galera que gritava We will rock you. Eles voltaram com essa pedrada e adicionaram We are the champions com uma pegada monumental! Agradeceram emocionados, partiram, mas a galera não arredava o pé. E aí veio o milagre que só quem tem coragem de colocar o coração pra fora, que só quem tem tesão pela vida consegue realizar. O brotherzinho ao meu lado pede, pô, só faltou Don´t Stop Me Now... Aí ele e eu começamos a gritar o nome dessa canção supersônica do Queen e alguns outros acompanham. E os caras voltam para o segundo bis e atacam de... Don´t Stop Me Now!!!

Puta merda, mas que puta show! E pensar que boa parte da molecada de hoje nem conhece Queen e fica se embriagando, desculpem o linguajar, de tanta merda que as rádios enfiam goela abaixo deles!

Mas voltando aos argentinos do Diós salve la reina, só queria agradecer por ter trazido “Ele” de volta nessa inesquecível noite em que uma banda cover foi a emissária mais fiel possível dessa que a foi a segunda melhor banda da história do rock (e às vezes não me questiono se não seriam a primeira, tomando o posto dos Beatles, caso Freddie não morresse cedo...), esse fantástico Queen, dono de uma melodia, voz, guitarra e variações rítmicas que nenhuma outra banda da história do rock jamais igualou.

E, pelo menos um moleque ontem, o irmãozinho, foi pra sua casa com a certeza que o rock de verdade e inesquecível só pode estar no passado. Que venham em agosto o Scorpions, ainda mais com a formação original! E que venham mais pessoas com a gente pro próximo super show!

PS - O vídeo, acreditem, é do Diós salve a la reina.
Que voz e guitarra é essa?!

A voz é deliciosa, entre o agudo passarinho feminino e o grave rouco leão. O dedilhar da guitarra é maravilhoso como uma conversa cheia de atenção e prestar atenção no outro enquanto passeiam por algum lugar mágico. Essa é Leslie Feist, uma super artista do Canadá da qual não consigo encontrar um CD aqui no Brasil. Um pecado, pois desde Alanis não conhecia uma voz de cantora tão bela e rica, e ela é ainda melhor, pois tira melodias e riffs belíssimos e cheios de ritmo da sua guitarra. Uma bela mulher, que canta como uma fada e hipnotiza com uma guitarra que nos envolve e leva pra passear, o que mais podemos esperar? Essa canção, Secret Heart, seguramente entraria para uma lista das mais deliciosas e saborosas canções de amor da história.