sábado, dezembro 06, 2008

Carta a um corinthiano



Caro Corinthiano,

Domingo, ao escutar na TV alguém falando da “velha garra corinthiana”, lembrei de você. Lembrei então daqueles tempos inesquecíveis da adolescência, quando você enchia o meu saco sãopaulino falando primeiro do Doutor Sócrates [ainda bem que ele tinha um irmão caçula...], de Biro-Biro [existiu algum homem mais alvinegro que ele, que vestiu mais no peito cheio de raça, no jeito humilde e na atitude de empurrar seu time sempre para a frente o que significa Corinthians?]; e depois do louco genial, Neto [por que não existem mais craques com o caráter e a coragem de falar o que sentem como ele?], daquele figura do Ronaldo [grande goleiro cheio de mandingas e péssimo roqueiro, mas eu e o Dudu demos boas risadas escutando ele cantar] e daquele maldito talismã chamado Tupãzinho, que marcou o gol aquele gol do título brasileiro pra vocês em minha casa, o Morumba...
É, cara, acho que foi você quem inventou um ritual sagrado depois daquele campeonato: passar em minha casa buzinando, gritando Timão e tirando sarro [ah, não sei, posso ter sido eu o primeiro a sacanear, né, pois o Tricolor ganhava tudo nos anos 80...]. Mas como você e seu pai se arrependeriam depois, pois depois que Rei Raí chegou, acho que passei muito mais na sua casa comemorando títulos e zoando que o contrário [precisa ver como o Kaju adorava esse ato!, é, o São Paulo era tão bom que mesmo com o Kaju a gente era campeão...].
Bom, corinthiano, escrevo esse bilhete só pra te lembrar que nesses tempos difíceis, em que pode não estar acreditando em mais nada, existem coisas que não mudarão jamais,
como a beleza da infância regada à muita loura [gelada ou não...], festas e aquele futebol jogado com amor em tudo que é campinho! Você criou até um time lendário, o Independente Futebol Clube! E olha, que depois de ver o ex-urso Nando magrinho de novo, deu vontade de refazer aquela grande zaga Nando-Zé, só não podemos chamar de volta o Bala, o bicho tá grande... cara, lembra quando ganhamos do time dos babacas loducas e juniors na USP, O Carlinhos metendo uma bicicleta atrás da outra?...
como aquelas corridas que a gente dava, tenizão Rainha no pé, encarando grandes vendavais [continua curtindo correr na chuva?]
como aquele Iron no talo [que você me zoou anos, porque eu não tinha visto o Bruce ao vivo, até o ano passado, quando só vi porque vocês passaram em casa]
É, corinthiano, os amigos também não morrem, cara, e mesmo você e o mais Bundão [grande Dudu] morando tão longe, a gente tá sempre aí.
Deixo abaixo então, além de um grande abraço de Ribeirão, e uma inveja. Pelo menos vocês tem raça, e eu fico aqui sofrendo pra eternidade, porque o maior de todos, Raizão, só teve filha mulher...
E pra fechar, lembra do Iron e do Churchill, You must never surrender.
PS – Tá, pro Dudu não encher o saco, lembro tb do grande curinga Wilson Mano.
PS2- Torneio da FIFA e aquele jogador “mau caráter é pouco” não entram, que isso aqui é site de gente direita hehe.
(set 2004)

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