segunda-feira, maio 11, 2009

Por que o rock pode salvar vidas


Sim, o show do Oasis não foi fantástico como aquela eletrizante apresentação de três anos atrás, quando o vendaval que caiu sobre o estacionamento do Credicard Hall veio também em forma de músicas cantadas, tocadas e sentidas com emoção máxima. Mas, como um dia aprendi com minha mãe, o que vale nessa vida são os instantes. E cabe a nós experimentar com entrega total os momentos mágicos que a memória mais bela jamais nos deixará esquecer.
Instantes como o Wonderwall cantada em uníssono por 25 mil vozes enquanto amplificávamos o som com o velho e valioso recurso das mãos espalmadas em volta das orelhas.
Instantes como o rock and roll cru sem frescuras e enrolação que o Oasis sempre oferece, em canções que não duram muitos minutos mas que perduram (e como é bom não ter que aturar aqueles intermináveis solos de bateria que muitas bandas insistem em mandar enquanto o resto da banda vai descansar ou encher a cara).
Instantes como os pulos e olhos brilhando da companheira de anos e anos de shows, ela que entende que um show é muito melhor que um headphone e um aparelhinho individual e individualista que não permite as emoções compartilhadas e a emoção multiplicada por milhares de decibéis das caixas de som e fãs.

Instantes como a tempestade bizarra que nos pegou indo ao metrô, a caminho do Anhembi, mas que depois virou apenas risada porque no show mesmo só fomos inundados das emoções tão simples como belas do rock puro dos rapazes de Manchester. Instantes como aquele já esperado comentário divertido deles sobre a chuva insana que caíra antes e que virara apenas uma suportável chuva fina: “fuckin rain”, “it´s like Manchester” disse Liam.
Instantes como a balada das baladas, Don´t Look Back In Anger, cantada e sentida com uma intensidade tão grande que parecíamos estar dentro dessa canção. E isso, estar dentro de uma canção, só é possível quando a ouvimos junto da banda, ao vivo, e das milhares de pessoas que comungam sentimentos parecidos. Instantes como sabermos que um verso dessa mesma canção está errado para muita gente, “don´t put you life in the hands of a rock and roll band”, não coloque sua vida nas mãos de uma banda de rock and roll. Coloco sim, porque nos dias mais tristes e sós, ou nas comemorações mais gostosas e felizes, não conheço nada mais sinônimo de dor ou alegria que uma grande canção de rock de uma banda que amamos. Porque o rock compartilha nossas quedas, traduzindo-as em palavras e melodias e também nos faz levantar e vibrar como um canto ou riff de guitarra apaixonado.
Instantes como aquela longa caminhada de dezenas de roqueiros-amantes da vida, voltando felizes ao metrô Tietê depois de mais um simples e inesquecível show de rock. Show de vida. Show da vida porque sábado os irmãos Gallagher ajudaram de novo a erguer a cabeça e o coração de quem andava por baixo. O rock legítimo sempre consegue essa façanha.
PS - Só faltou a presença da “terceira elementa”, aquela que sabe tão bem o que é dividir emoções em instantes como esses.


A comunhão que só um grande show oferece

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