quarta-feira, maio 27, 2009

Campeões da Vida


Não foi a vitória “apenas” do futebol arte e da forma de jogar mais bela que há neste planeta. Não foi apenas um canto sinfônico de passes perfeitos e envolventes, conseguindo a proeza de unir prosa, poesia, matemática, pintura, música etc. A prosa e geometria das tabelas, triangulações, craques dialogando entre si; a poesia-pintura dos passes milimétricos - frutos de talento, originalidade e coragem para descobrir e servir os companheiros na cara do gol; a poesia dos dribles sensacionais de seus artistas; a orquestra musical em cada ação-blitz em conjunto de seus fantásticos meias e atacantes que jogam de forma solidária. Uma forma bem diferente do individualismo, por exemplo, da maior estrela do time inglês, Cristiano Ronaldo.

Não foram apenas as jogadas, tão bem tramadas quanto imprevisíveis nos movimentos - quase uma dança - de Xavi, Iniesta, Messi, Henry, Eto´o e companhia. Não foi apenas um domínio absoluto (“um massacre” até para o habitualmente comedido comentarista PVC, da ESPN), verdadeiro baile humilhante em cima do atordoado Manchester o que o Barcelona exibiu hoje em Roma. Sim, a palavra correta é mesmo “exibiu”, porque o Barça resgatou o futebol dos sonhos; um futebol fiel à escola de toque de bola com arte que há mais de 30 anos é o estilo deste clube. Um estilo implantado pelo gênio holandês, Cruyjff, primeiro como atacante do Barça, nos anos 70, depois como treinador.

Aliás, muito mais que um estilo, a beleza do jogo do Barcelona parece estar em seu próprio DNA. Mais que isso, em sua alma.

A alma de um futebol que transcende o próprio futebol. Pois as partidas-espetáculos do Barça são aulas de como jogar-viver no ataque a partir da bola rolada de pé em pé. Rolada, não, ofertada. Dada para o companheiro como um presente. Presentes que reunidos transformam-se nas obras de arte que parecem cada bela jogada do Barcelona. De como jogar-viver com coragem, partindo para cima do adversário com a arrebatadora fúria da beleza. A fúria de homens que sabem que a arte - quando expressada com habilidade, técnica e amor – vence qualquer barreira. Barreiras como o outrora poderoso Manchester, “um time mais equilibrado, forte e favorito” para muitos comentaristas antes desta final.
Para o bem do futebol e da vida, os comentaristas estavam errados. Venceu hoje o time mais belo, corajoso e imaginativo.

É sempre uma dádiva ver a vitória de tantos artistas juntos.

É sempre maravilhosa a vitória da fantasia e da arte nesses tempos tão covardes e pragmáticos.
PS - Número de faltas cometidas pelo Barcelona na decisão: 7 (!)
Porcentagem de passes acertados pelo Xavi: 93% (!) (em 77 passes)

3 comentários:

  1. Zé, foi simplesmente incrível ver o Barça colocar o manchester na roda, parecia criança jogando bobinho na rua. Além de ver esse super time ganhar, com o futebol único, é muito bom ver o guerreiro Puyol levantar a taça. Infelizmente, o que se diz melhor do mundo não aprende, teve coragem de dizer que o Barça não merecia ter passado pelo Chelsea, essa foi a maior me... que alguém poderia ter dito. É isso ai Zé, salve Barça e até dezembro no jogo entre Barça e Grêmio, já que o Boca saiu fora. Abraço.

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  2. Realmente foi a coroação do melhor futebol atual, como esse time do barça joga, e tenho que concordar com o Igor, foi muito bom ver o Puyol levantar a taça, sei que todos os craques do barça jogaram muito, mas para mim, o versatil guerreiro espanhol foi o melhor em campo, como esse cara correu, tava em todos os lances, mesmo sendo castigado com as entradas maldosas do portugues cristiano ronaldo... realmente foi um espetaculo... duro foi assistir ao nosso tricolor de noite com o jogo do barça ainda na memoria... quem dera um meio campo daqueles no nosso são paulo... quem sabe um dia teremos um futebol tão vistoso tão bonito em campos nacionais... Grande abraço...

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  3. Até quem não entende tanto de futebol pôde torcer e maravilhar-se com essa partida. Com o jogo e tb com a festa e as cores da torcida. Queria eu estar nas ramblas de Barcelona para comemorar! VH.

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