segunda-feira, setembro 21, 2009

Um monstro exemplar


Um gigante também no caráter

A história do formidável título espanhol no Europeu de Basquete – um torneio que, pelo nível técnico e dificuldade, faz a nossa Copa América parecer torneio colegial – passa por esse rosto tão iluminado como guerreiro. Passa por esse fantástico pivô de 29 anos chamado Paul Gasol. Passa por esse monstro dos garrafões e arremessos curtos que já fora, há menos de 3 meses, campeão da NBA com os Los Angeles Lakers. Ele - que foi campeão mundial de basquete em 2006 e medalha de prata na Olimpíada de Pequim, dando um inesperado suadouro simplesmente nos EUA com o melhor da NBA – liderou a Espanha em uma campanha avassaladora no Euro Basket terminado ontem. A Espanha triturou a Sérvia por mais de 20 pontos, mas a mídia esportiva brasileira simplesmente não revelou a história de superação e amor de Gasol pouco antes do Mundial.
Gasol estava esgotado depois de brilhar na Olimpíada de Pequim (agosto 2008) e emendar direto a temporada 2008/09 da NBA. Até pensou em não ir ao Euro, disputado na Polônia. Mas falou mais alto seu compromisso de não abandonar seus companheiros de seleção e país. Em 8 de agosto passado, integrou-se à seleção uma semana depois do início dos treinamentos visando o Campeonato Europeu. Precisava descansar pelo menos uma semana para recuperar parte das forças. Só que dois dias depois, num coletivo, ele sofreu uma lesão no ligamento do dedo indicador esquerdo. Ele foi operado logo e o diagnóstico foi: 20 dias sem tocar numa bola de basquete. Detalhe: o Euro começava no início de setembro. Por isso o Lakers enviou seu preparador físico para a Espanha, a fim de analisar a mão de Gasol e, possivelmente dissuadi-lo de jogar o Euro, após a lesão no dedo.
Penso logo nos brasileiros Leandrinho, Varejão e Nenê, que seguidamente recusaram convocações da seleção alegando problemas físicos, contratuais (caso de Varejão) ou porque não quiseram mesmo (Nenê, alegando discordância com a política da Confederação Brasileira de Basquete) para não vestir a camisa do Brasil. Alguém acha que um desses três não desistiria imediatamente da competição com uma lesão como a do espanhol?
O caso é que Paul Gasol foi consultar um traumatólogo em Barcelona, enquanto permanecia na concentração da seleção, junto do grupo, fazendo o trabalho físico possível. Dedicou-se demais e trabalhou até nos 2 dias de folga que os jogadores da sua seleção tiveram, quando pediu ao Barcelona que liberasse o clube para ele treinar sozinho.
Gasol recuperou-se pouco antes da estreia do Euro, jogou mal e sua Espanha perdeu da Sérvia. Assim como perderia na partida seguinte e seria muito criticado junto de todo a seleção. Só que ele não é da espécie que se esconde nas horas ruins. Poderia até refugiar-se no tempo que perdeu, as três semanas tratando do dedo, mas o super pivô fez o contrário. “Eu cresço na adversidade e sempre convivi bem com a pressão das expectativas. Isso não me dá medo”, disse Gasol após as derrotas.
Na sequência, sua Espanha ganhou todos os jogos, foi subindo de produção e massacrou os gregos ma semi e os mesmos sérvios na final. Claro que ele não venceu sozinho, contou com as excepcionais participações de Rudy e Navarro, sobretudo, e outros talentos como o jovem armador Ricky Rubio. Mas Gasol foi, claro, o líder e força maior da sua Espanha. A Espanha que ele jamais abandonou na hora H. Igualzinho aos nossos mimados brazucas da NBA, que deram as desculpas mais esfarrapadas para não vestiram a amarelinha no último Pré-Olímpico, e agora posam de heróis depois de conquistarem mais uma “sensacional” Copa América...
Vejam abaixo os melhores momentos do show espanhol ontem e, por amor ao basquete, deem uma olhadinha na jogadinha do Ricky com o Gasol lá pelos 2´40!

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