sexta-feira, dezembro 03, 2010

Val(h)a-me, Deus!

Plena 5ª. feira, enquanto a galera de Sampa fritava em trabalhos insuportáveis (é sempre insuportável trabalhar em dezembro, ninguém aguenta mais) eu ria feito bobo pelo privilégio de ser um freelancer e poder entrar no mar. Era muita sorte eu ter marcado uma entrevista com um mito do surf brasileiro na praia justo neste dia, mas antes eu iria surfar. A previsão acertara em cheio: o único dia com chances de algumas boas valinhas era esse. Melhor ainda que o vento não dera as caras e as meninas azuis-esverdeadas estavam lisinhas como pele de mulher gostosa que se cuida (é o verão hehe). Por isso que gritei sozinho, ao olhar as valas, “Vala-me Deus!”
Logo curtia uma session em solitário, o que é comum durante a semana neste pico incrustrado em um condomínio gigante.
Logo uma de minhas pranchas mágicas, uma Evolution vampiresca (agarra as paredes como uma vampira metendo os dentes no pescoço de sua vítima) feita pelo grande Kareca da Shine surfboards, me levava a passear em alta velocidade. Não tem erro, quando o mar diminui de tamanho essa menina sedenta me deixa em condições de surfar qualquer coisa minimamente surfável.
Depois de uma session rápida, 90 minutinhos, a cabeça tava feita. Bora trabalhar no litoral norte. Na volta ao meu pico, o vento fizera sua caca, mas mesmo assim entrei, torcendo pra chuva que pintava alisar as meninas.
“Vai, Santo Pedro!, manda a bala, beija as meninas com vontade!”, eu gritava, mas o Santo só mandou uma chuvinha leve. Raras merrecas (é, o tamanho diminuiu ainda mais) deram uma ajeitada. E aí, meus camaradas, as poucas valinhas que acertaram, junto com a chuvinha gostosa batendo no rosto, aí o sorrisão invadiu o rosto. Lá fora, com o oceano preenchendo o coração vazio, a felicidade, mesmo tão breve, renova a vontade de viver.
O surf sempre renova, qualquer surf.

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