segunda-feira, dezembro 07, 2009
O poder rubro-negro
O Flamengo deve o Hexa à três peças mais poderosas. A primeira, como bem destacou o grande ídolo da equipe, Petkovic, é Andrade. No meio da festa, quando poderia se autovangloriar como o nome maior do hexa, o ainda genial Pet (37 anos!) foi grande e digno: “Andrade é o herói maior”, disse aos microfones das rádios e redes de TV. Sim, um herói pacato, que superou a desconfiança de ser um mero treinador interino para armar uma equipe que jogou o futebol mais bem jogado e vistoso desse Brasileirão (*). Sim, Andrade, o homem calado, o como o bom mineiro que sempre foi, sem a pose e/ou prepotência de nomes mais badalados como Luxemburgo ou Muricy, conduziu o Flamengo à uma incrível recuperação no 2º turno. E fez sua equipe vacilar pouco, menos que Palmeiras e São Paulo, passando ao seus comandados o equilíbrio que sempre teve. Será que agora seu bom goleiro mas arrogante e desconhecedor da própria história do clube, Bruno, terá coragem de ofender seu treinador, como fez no início de trabalho de Andrade? (Bruno disse para ele, “Quem é você? Nunca ganhou nada”. O “nada” do ignorante goleiro era na verdade tudo: estaduais, brasileiros, Libertadores e Mundial). E agora, acrescente-se ao currículo de Andrade o fato de ser o primeiro negro a ser campeão brasileiro como treinador.
Depois de Andrade, temos Adriano. O baladeiro, faltador de treinos e artilheiro mimado foi tolerado por Andrade para ser o nome mais temido do ataque rubro-negro, com seus gols e marcadores dominados, deixando companheiros livres.
Finalmente, mais que Adriano quem brilhou foi o sérvio mais carioca do planeta, Petkovic, autor de gols decisivos como na vitória contra o Palmeiras em pleno parque Antártica, e de inúmeros escanteios que resultaram em gols como na própria decisão de ontem, contra o Grêmio, em que os dois gols saíram de suas cobranças venenosas. Mais que isso, Pet foi a certeza de que ainda é possível vencer com um futebol refinado, de habilidade, dribles e tapas precisos na bola. Grande craque do campeonato, o sérvio foi, dentro de campo, um verdadeiro alívio para quem preza o futebol bem jogado, com arte. Uma arte que os cegos viram no futebol de breves repentes mas mais para a força de Diego Souza, que muitos jornalistas pró-Palmeiras tentaram vender como o craque do campeonato antes dos verdes despencarem ladeira abaixo.
Há outras qualidades no Fla Hexa, claro, como o meio-campo que rola a bola de pé em pé, alas que apoiam bem (mas marcam mal) e uma zaga segura, mas o peso de Andrade, Pet e Adriano é bem superior.
Hexa merecido.
* Quem jogou o futebol mais belo do Brasileirão, mas apenas em sua reta final, foi o inacreditável Fluminense de Coca, Maicon e Fred; basta rever suas belas tabelas e gols.
PS – Não poderia ser mais justo o fiasco verde: perdeu a vaga na Libertadores com a apatia costumeira de seus falsos craques contra o Botafogo, Vagner Love e Diego Souza e pelo gol de Kleber, do Cruzeiro, contra o Santos. Justo Kleber, seu ex-jogador e fiel amigo da Mancha Verde. Será que Kleber vai dedicar esse gol ao Palmeiras, como fez na Libertadores, após marcar contra o São Paulo? E queria saber também o que seu presidente metido a intelectual, mas na verdade um ignorante passional da pior espécie, vai gritar de novo ofensas aos sãopaulinos, já quem morreu, de fato, foram seus porcos amestrados e subjugados. Finalmente, será que Muricy ainda acha que no Palmeiras o ambiente “é mais tranquilo e os caras são mais parceiros que no São Paulo”, como ele afirmou várias vezes quando estava na liderança?
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