domingo, novembro 08, 2009
A moça da Uniban
Não bastou a estupidez de muitos alunos e alguns funcionários da Uniban, que perseguiram, xingaram e encurralaram a estudante de turismo que portava um minivestido na semana passada. O crime dela? Querer assistir aula com peça tão curta. Não bastou porque hoje saiu nos jornais a “brilhante” decisão da diretoria da Uniban: decidiu expulsar a jovem porque ela teria provocado a situação, por se comportar inadequadamente e por não ter acatado instruções da faculdade por vestir, em outras vezes, peças também insinuantes. Tradução? Foi dada razão a um bando de selvagens imbecis que gritavam “puta! puta!” enquanto a moça teve que se esconder numa sala e ir embora com escolta policial.
O episódio mereceu um artigo preciso de Álvaro Pereira Junior, no caderno juvenil da Folha, o Folhateen, 2ª feira passada. Álvaro ataca, além da demência dos alunos, a falência de muitas faculdades particulares que são exemplos do que NÃO é Educação. E olha que o jornalista escreveu antes do julgamento machista e fascista da Uniban:
“Não foi o vestido, afinal nem tão curto. Foi o tamanho da multidão o que mais me impressionou nos vídeos do YouTube sobre a aluna hostilizada numa universidade paulista na semana passada. Enquanto a estudante de turismo sai da faculdade escoltada por PMs, a câmera sobe e mostra uma cena dantesca: como numa arena romana, milhares de alunos berram e gesticulam.
O mundo do ensino "universitário" privado brasileiro, especialmente à noite, é um amálgama triste de circo com zoológico.
Estão lá filhinhos de papai que poderiam estudar numa faculdade melhor, mas por burrice e/ou preguiça acabaram em alguma boca de porco, período noturno. Estão lá as pessoas de classe média/média baixa que fizeram com sacrifício os ensinos básico e médio, ganharam uma formação cheia de falhas e agora veem numa faculdade de quinta categoria e chance de um diploma superior.
Estão lá também as exceções das exceções, alunos com bom potencial, que sentam na frente, estudam, tentam se motivar -mas são solapados pela mediocridade geral do ambiente e pelas necessidades imediatas da vida real.
Eu podia arriscar aqui comentários rasos sobre psicologia de massa, podia tentar falar de moralismo e de falso moralismo. Podia tentar entender por que uma aluna de vestido mais ou menos curto fez disparar tamanha reação de ódio em cadeia.
Mas prefiro focar na cena da multidão, naquele momento animalesco. Como uma universidade pode ter tantos alunos assim? Que tipo de ensino esses caras recebem? Será que dá para chamar de ensino? Um diploma obtido desse jeito, e num lugar desses, vale tanto assim?
Perto de casa, há uma universidade desse naipe. No começo e no fim das aulas, as ruas são tomadas pela horda de estudantes. Não há, literalmente, espaço para os carros passarem. Nessa universidade, minha vizinha, existe até curso de medicina. Como dizem no Twitter: #medo.”
PS – O vestidinho da moça é inadequado para uma sala de aula? Sim, cairia melhor numa festa noturna, mas o problema maior, bem captado pelo Álvaro, não é esse. O problema é o comportamento demencial e violento dos alunos. O problema é agora também essa expulsão inacreditável.
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Zé, desculpa, mas tenho que descordar de suas palavras!
ResponderExcluirEstudo na Metodista, que fica muito perto da Uniban; e o que se ouve por lá é que a tal "moça" já tinha fama, muito antes da cena do vestido.
Uma menina que estuda lá me contou que essa garota vivia usando roupas "chamativas" e que gostava quando os garotos mexiam com ela (fala se não é uma vagaba!?). No dia do tal episódio, ela subiu a rampa no meio da faculdade (poderia ter ido de escada, que fica na lateral e chama menos atenção), foi até uma sala, bateu no vidro e acenou para os meninos. Só então eles saíram em massa atrás dela.
Provocante!? Pra mim vai muito além. É vulgar. Extremamente vulgar. Excessivamente desapropriado para qualquer ambiente minimamente decente.
É claro que eu não concordo com a cena grotesca e as palavras chulas dos alunos. Mas não dá pra acreditar que essa garota seja “meiga, pura e inocente” ou que ela queria "apenas assistir às aulas em paz".
Pra mim (isso é só minha opinião) a personagem principal dessa história queria só os seus 15 minutos de fama.
E a mídia!? Céus!, quanto sensacionalismo!!! Quem faz o circo, ou aumenta a palhaçada é a imprensa, com todo seu discurso moralista-falido. Pra que dar espaço pra esse tipo de imbecilidade!?
De verdade, Zé, to pouco me lixando pra esse vestido (ou projeto de vestido).
E acredito que a expulsão dela tenha sido uma forma de a faculdade (tentar) recuperar o pouco respeito que ainda tinha.
Atitude machista?! Pode ser, mas afinal nossa sociedade é puramente machista, não é?
Desculpa pela crítica, Zé. Acho que peguei pesado, haha.
ResponderExcluirDiscordo mais do fubá que criaram, do exagero todo, de terem transformado a garota na personagem principal da semana - ela apareceu nos principais jornais, telejornais e até no Fantástico! Achei isso absurdo. Tem tanta coisa mais interessante pra se pautar...
Enfim, esse assunto virou febre pelo ABC e eu não aguento mais ouvir neguinho defendendo a tal garota. Ok, ela tem o direito de usar o que quiser, né?, mas eu não usaria um vestido como aquele. Nem que me pagassem!
Faltou um pouco de bom censo, Zé.
E os garotos, acho que só queriam zoar. Não acredito que teriam feito alguma coisa, de fato.
E agora ouvi dizer que o MEC ta em cima da Uniban. Essa história ainda vai ser muito discutida, viu?
Beijos.
PS: Acabei de responder seu e-mail.
Zé, relax man. Daqui há uns dias ela será capa da Playboy ou Sexy e ai bota uns trocados a mais nos bolsos (ops), na minissaia (agora é asssim que se escreve) não tem bolso.
ResponderExcluirPs. Achei tbém muito caída a atitude dessa molecada, mas acho tbém que ela se passou em ir pra faculdade com aquele traje. Agora, como somos preconceituosos, né?
Abração
Ps2. Olha o Mengão chegando...
Ps3. O meu Figueira tá ridiculo...
Ps4. A Hardcore tá dando um banho na Fluir...
Ps5. Vem aí uma enxurrada de WQS bancado$ pelas verba$ dos Governo$ estaduai$. Uma vergonha. Todo mundo mordendo. Depois ainda dizem que o SER surfista é diferente.
mb