segunda-feira, junho 15, 2009

A voz que nos salvou


Sexta-feira, dia dos namorados. Sem a cara metade, a solução era a companhia, sempre salvadora, do rock and roll, aquele que desabafa por nós. Recorri então ao meu “cardiologista” infalível, o rock legítimo - de letras que têm o que dizer e muita atitude ou de bom-humor inteligente – que os veteranos dos anos 80 sempre nos deram. Não esperava, porém, a surpresa dela. Não tinha lido o programa do show. Eis que a moça subiu no palco de repente com um sorriso fácil iluminado e uma voz arrebatadora, que preencheu cada cantinho e coração livre-vazio da chopperia do SESC Pompeia. Eis que ela teve a coragem de mandar de cara uma baladaça de uma banda ultra-romântica dos anos 70, Carpenters. Um Carpenters que na voz dela - plena de emoção sincera e alegria - perdeu um pouco o açúcar em excesso e virou “apenas” uma canção de amor vital. Na sequência, Vanessa Krongold, foi ainda mais valente ao entoar Heart of Glass, belíssima e empolgante canção de uma diva histórica do pop rock, Debbie Harry, da banda Blondie. Valente porque essa música exige uma viagem dos agudos aos graves só permitidas a quem tem uma voz maravilhosa, rica e ampla.
Vanessa, que eu e meu dinossaurismo roqueiro não conheciam – me perdoe! – tem essa voz. Porque ela tem a música dentro dela. A música que vem da alma como se fosse uma cantora negra do passado e de hoje dando sua mensagem, entrega e paixão Soul. E ela ainda queria mais em sua missão de fazer-nos esquecer aquela data, o 12 de junho, ou celebrar junto dela um amor diferente e não menos belo chamado música de coração. Contou agora com a loucura e garra de Wander Wildner, ex-Replicantes (Surfista Calhorda, lembram?) numa parceria insana e doce em outro clássico, a balada Candy - eternizada por Iggy Pop e Kathy Pierson (B-52´s). Wander iniciou a canção, se entregando, se jogando e gritando o amor da balada. E foi então que Vanessa fez outra mágica: fez com que o verso inicial que cantou - um dos mais dolorosos para os corações partidos há muito tempo (I had a hole in my heart for so long) – virasse apenas beleza. A beleza, garra e verdade da sua voz. A beleza de uma mulher com jeito de menina que parece brincar de cantar, um brincar como se estivesse cantando para seu amor no escurinho de algum lugar encantado. O verso mais duro possível, no canto de Vanessa, nos fez levitar e esquecer essa besteira romântica de corações partidos, sai dessa! “Cai fora, vai viver, vai escutar música de verdade cantada e tocada por roqueiros de verdade, pega uma cerveja, e apenas curta; tá, com todas as veias e coração...”, essa parece ser a mensagem da Vanessa e dos seus companheiros nessa noite tão despretensiosa quanto inesquecível que rolou na Pompeia. Companheiros que envelheceram com tanta dignidade como o Clemente, um dos pais do punk paulista nos tempos de Inocentes; como o grande louco e entertainer Marcelo Nova, ex-Camisa de Vênus, e o mais maluco ainda, Wander Wildner, ex-Replicantes. E ainda houve os caras do vital Ultraje a Rigor mandando um hino torto do amor divertido típico dos anos 80, Ciúme, com um final explosivo do baterista com mão de joalheiro e homem-bomba que estava junto nesse louco show batizado de “Os roqueiros também amam”.
Shows como esse deviam ser semanais para acabar com a fraqueza de quem quase se entrega a deprês que não levam a nada.
Segue abaixo então uma palhinha da Vanessa arrebatando fácil, simples e natural, transformando, como ela tão bem sabe fazer, o amor numa coisa gostosa e alegre. E reparem na figura do Clemente!
E faço um pedido a Vanessa e sua banda, o Ludov: um álbum de covers de vocês arrebentaria!
Depois dela nos vídeos abaixo, o grande Marcelo Nova!





3 comentários:

  1. Cara! estive lá também nesse evento, mas fui no sabado, realmente a participação da Vanessa foi a melhor coisa do show! Eu a conhecia já do ludov, mas realmente nesses covers foi impressionante, que voz ela tem.

    abraço! valeu pelo link do video

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  2. Caraca, o Marcelo Nova ainda não morreu? Mas tá velhinho.Quase sem voz e parece que perdeu noção do ridículo. Kkkkkkkk.

    Viva o Rock And Roll já dizia o Serguei.

    Como era bom ouvir alto e em bom tom, em fita k7, a caminho da praia o Camisa de Vênus.

    Tempo bom, não volta mais.

    Abração
    MB

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  3. poxs vida, que maravilha ler esse post! Fiquei muito feliz que vc tenha gostado tanto! Super obrigada!

    beijão!

    vanessa

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