sexta-feira, abril 05, 2013

Adeus, raio de sol de nossas manhãs



Raras vezes conheci uma menina tão doce, delicada, linda, e com um sorriso tão belo, da cor dos seus cabelos dourados.  Era como se o sol penetrasse em plena sala de aula para nos aquecer e abraçar. Porque Camila aparecia pra gente sempre assim: mesmo quando ainda despertando e preguiçosa nas primeiras horas da manhã, sua presença, um breve olhar seu, era um abraço espontâneo e natural, sem receios, sem guardar sentimentos, sem se calar, como o sol que deveria nascer com a chama afetuosa do sorriso dela todas as manhãs.

Foram poucas manhãs junto dela como seu professor, ficou apenas um ano com a gente, e por isso sentimos tanto a sua ausência solar, nossa menina dourada, nossa menina pão de queijo, alimento afetuoso de todas as manhãs.

Nossa menina poeta, delicada no trato das palavras, jardineira de palavras-sentimentos, sempre plantando um pouco de amor e amizade nas linhas de suas folhas de caderno. Sim, ela demorava a entregar as redações e eu a cobrava, pois tinha saudade de seu jeito artesã de escrever, como se cultivasse flores.

Na verdade, era a própria uma flor, meio girassol – do sorriso; meio margarida – pela delicadeza, sensibilidade e simplicidade, por não ser do tipo que se guarda ou se esconde.

Camila, a também menina viajante que às vezes sumia num mundo só dela em plena aula, talvez sonhando, talvez pensando,  mas sempre tomando um susto engraçado quando a trazíamos de volta, e ela ficava sem jeito.

Sem jeito ficamos nós, porque agora falta em nosso jardim uma das flores mais belas, especiais e essenciais. Sim, há tempos que não a via, há tempos que não sabia dela, mas sei que os que ainda eram tocados por suas pétalas, aroma, alegria, doçura e sapequices perderam uma das luzes mais reconfortantes e vitais de seus jardins de amizade e amor.

Vai, querida, descansa em paz e, por favor, continue junto de seus amigos e amores, continue a bater suas asas por nós.

E pode deixar que sempre que conseguirmos perceber o sol nessa cidade tão cinza, vamos saber que é você, lá de cima, que sorri para nós.

Adeus, querida, e meu Deus, por favor, acolhe com carinho essa breve fada que passou por nós.

PS - Meus queridos ex-alunos e ex-alunas queridas. Nunca deixem de se ver, façam o que a Camila sempre queria: encontrem-se, amem-se, não deixem as novas vidas acabarem com as amizades maravilhosas que fizeram nos anos mais puros e belos da infância e adolescência.

7 comentários:

  1. que lindo zé.... =(

    amandinha maciel

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  2. Parabens pela sua humildade zé!
    -Lorenzzo

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  3. a camila era uma das melhores pessoas que eu já conheci, linda por dentro e por fora, que Deus a tenha e ela descanse em paz.

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  4. Todo mundo diz o mesmo: "linda por dentro e por fora". Muito obrigada pela linda homenagem à nossa querida e amada sobrinha Camila.
    Realmente ela é a doçura em pessoa, sempre viva dentro de nós.

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  5. Foi muito bom ler isso, obrigado! Acredito que como você e eu, muitas pessoas estão abaladas e estão com aquela mesma imagem quando lembram da camila, sorridente e alegre.
    São tantas coisas para pensar e tanto para falar, mas falar aonde e para quem? falamos para aqueles que sente o mesmo que nós, aqueles que lembram, que sabem que são tantas lembranças e tantos momentos.
    Se a saudade é o que faz as pessoas se aproximarem, espero que um dia eu possa reencontra-la.
    Minha amiga, companheira de comilanças em inúmeros lugares. Lugares que sem seu sorriso hoje são tão fracos, sem motivação até para uma das nossas maiores alegrias, que era comer. Menina que nos piores momentos nos fazia rir, falava bobagens e todos gargalhavam, que falava " lulis, relax, ta tudo bem, a cami ta aqui".
    Menina essa que se tornava uma linda mulher, que com tantos sonhos, incríveis, nos motivava a querer cada vez mais ´camila´.
    Sou imensamente grato por ter conhecido ela e por ter conquistado a sua amizade, verdadeira guerreira, de coração puro e repleto de alegria.
    Pode passar um mês ou mil anos mas lembrem do sorriso dela, que a fazia unica em todo lugar.

    - Luccas Cordeiro

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