sexta-feira, agosto 19, 2011

O pior é que ele é a regra

Tudo pelo sucesso. Passar por cima dos outros. Fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos. E esse qualquer coisa envolve qualquer tipo de artimanhas e recursos (falta de?). Este é o José Mourinho do Real Madrid, e também, em menor escala, o da Inter de Milão.
Quando Mourinho percebeu que não ganharia do Barcelona de Messi, Xavi, Iniesta e Guardiola na bola, resgatou uma profissão que não existia no grande Real, um clube orgulhoso de esquadrões que encantaram o futebol jogando um futebol ultra ofensivo e belo. A profissão de capanga.
Uma das poucas vezes em que o bando de Madrid de Mou venceu este Barça maravilhoso ocorreu quando o capanga Pepe entrou em campo com uma única missão: não deixar Messi jogar. Sem eufemismos: enfiar a porrada no Melhor do Mundo sem dó.
O problema para Mou é que nas partidas seguintes, nem as pancadas assassinas de Pepe (não entendo como esse boçal ainda não quebrou a perna de Messi) adiantaram. Então ele reforçou o Bando de branco. Bastou perceber quais seus jogadores de caráter mais frágil e duvidoso. Pronto. O primeiro da lista é Michel Salgado, que começou a distribuir pontapés sem dó.
Não bastou. Então Mourinho percebeu um capanga dos sonhos: jovem, veloz, forte. O brasileiro Marcelo. Resultado? O colocou em campo com uma única missão: arrebentar Fábregas. Quase conseguiu, mas por um dos mistérios do Barça, não quebrou o filho pródigo barcelonista que acabava de voltar pra casa.
Batendo e batendo (e, na sua única estratégia vinculada ao futebol, pressionando o Barça em seu campo), Mou quase conseguiu sustentar um empate com a orquestra de Xavi, Iniesta e Guardiola. Até que Messi, pra variar, colocou um enorme ponto final na violência sem fim do Bando do português.
O mais incrível da história é o talvez maior clube de todos os tempos, o Real, aceitar vender sua alma para vencer o Barça depositando confiança e poder total a um general sem nenhum escrúpulo como Mourinho. E Mou, com seus seguidos ataques de histeria e imbecilidade fora de campo (a última foi sua agressão covarde no assistente de Guardiola, pelo que tomou um revide mais forte que sua agressão, toma!), contagia cada vez mais seus jogadores e não me surpreenderia se até o santo Kaká começasse a dar bordoadas quando entrar em campo.
Até o grande goleiro Casillas entrou no estúpido clima de guerra e deu uma entrevista vergonhosa ao final do último jogo, dizendo que Fábregas, ao ser agredido por Marcelo, "fez cena, como sempre". Por isso foi repreendido por um antigo ídolo do Real, o artilheiro Fernando Morientes. Este condenou não só a falta de sinceridade de Casillas como a postura bélica do Real.
Como bem disse hoje no Jornal da Tarde um de seus colunistas, essa apelação de Mourinho nunca caberia num time de Telê Santana. O jornalista lembra de uma declaração de Junior Baiano, que revelou não ter dado pontapés num jogador do Velez (o baixinho infernal Turco Asssad) que acabou com o São Paulo na final da Libertadores de 1994, porque o técnico era Telê.
O jornalista ainda diz que Mourinho tem muitos títulos no currículo, mas nenhum deles com o brilhantismo, beleza e jogo limpo de um Mestre do futebol como Telê.
O problema é que hoje, os Mourinhos aumentam cada vez mais, no futebol e na vida.
Fala-se muito no Mou “grande estrategista” que superou o Barcelona na Champions League em que venceu com a Inter de Milão. Daquela eliminação, com a Inter se defendendo o jogo todo, e baseando-se apenas nos contra-ataques e pauladas, lembro do comentário do grande Falcão, que era o grande líder do Brasil que encantou o Mundo em 1982, com Telê na direção. “Nunca vi uma retranca tão covarde em toda a minha vida como a da Inter contra o Barcelona”.
Triste é perceber que os covardes, violentos e arrogantes são reverenciados por muitos jornalistas e profissionais de outras áreas como homens de visão e mestres da estratégia.
Mas graças que existem ainda Homens e Artistas como o Barcelona, seu treinador e sua filosofia para mostrar como se pode ganhar com beleza e de forma limpa.
Cada jogada magistral de Xavi, Iniesta, Piqué e cia; e cada golaço de Messi não são apenas uma vitória do futebol arte.
São um foco de resistência dos homens decentes, nobres e corajosos contra a selvageria dos Bandos de Mourinhos e seus genéricos que infestam e dominam outras carreiras e empresas.

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