quinta-feira, agosto 06, 2009
15 anos de Babalu
Não foi apenas uma dálmata. Foi história e quase um milagre. Foi o fruto de um amor entre seus donos: um jovem de 20 e poucos anos que tinha a lendária cadelinha Duda e a menina mais nova, dona de outra lenda, o bom e velho White, um sobrevivente de batalhas e doenças na fazenda em que vivia antes de mudar-se para São Paulo. O casal de namorados queria filhotes. Não era possível, pois White tinha um pino na pata que o impedia de manter-se em ação pelo tempo suficiente em cima da Duda. Mas um dia, após muito custo e ter que recorrer à inseminação artificial entre o casal de dálmatas, nasceu Babalu, linda e com nome de personagem de novela como a mãe. Logo eu conviveria com a cachorra mais maluca e histérica que já tive.
Babalu nunca parou quieta. Quando filhote, adorava pular em cima das pessoas. Só sossegava ao tirar uma soneca junto de sua velha, doce e sábia mãe, a eterna Duda. Crescida e tendo perdido a mãe, foi Babalu quem gerou outros dálmatas, num parto duro e triste que resultou em 6 mortes. Mas ficaram com ela a menina Capitu e o enorme Sansão, batizado assim por já nascer grande e uma máquina de mamar.
Babalu perdeu rápido o carinho da agressiva Capitu mas teve ao seu lado, a vida toda, o melhor filho do mundo, um bicho tão bom, tranquilo e carinhoso que parece um urso polar de pelúcia vivo, Sansão.
Mesmo mãe, na metade de sua vida descobri em Babalu uma grande e companheira corredora, que me acompanhou anos e anos até suas patas e fôlego fraquejarem num anoitecer triste que nunca esqueci.
Dura a sina dos cachorros. Quando não aguentam mais, não tem volta. Ela jamais correu de novo comigo, apenas dava leves escapadas em busca de comida ou das raças inimigas que herdou das brigas da mãe: pastor alemão e labrador marrom café.
No último ano, a força muscular foi embora. Em poucos meses, os ossos começaram a despontar.
Um dia parou de latir. E a andar com dificuldade.
Babalu partiu na última 2ª feira. Só conseguia ficar deitada. Precisava de ajuda para beber. Não conseguia mais comer. Injusta sina de quem foi sempre tão cheia de vida e loucura que um dia Roberta a apelidou de Baluca.
Foi embora uma cachorra e uma história de amor.
Mas segue vivo o melhor cão do mundo, seu filho, que a amou, lambeu, protegeu, esquentou e respeitou-a até o último dia. Segue vivo o melhor filho do mundo. E lá no céu dos cães late uma mãe louca de orgulho e conforto por ter tido uma mãe, Duda, e um filho, Sansão, tão bons com ela.
Descanse em paz, Baluca. Agora você pode voltar a latir para as estrelas e, na grande noite, dormir sob os cuidados de sua santa mãe.
E, sobretudo, obrigado por correr anos e anos comigo enquanto eu precisava fugir do cotidiano, problemas e das escolhas erradas. Que seu filho me ilumine a ser tão bom e feliz como ele é.
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Esse texto me arrasou, Zé.
ResponderExcluirMe fez lembrar tb da história de um louco apaixonado que só sabia pedir carinho, atenção e bexigas coloridas.
Me fez lembrar do desespero daquele carnaval chuvoso, quando a mais meiga, linda e amiga nos deixou. O Zak chorava de desespero a procurando por todos os lados. Foi duro demais.
Mais duro quando ele tb partiu, deixando só a velha guerreira, já debilitada, mas ainda forte - ela não se entrega: segue dando seus passinhos, às vezes arrisca uma corridinha, um abanar de rabo e um afago quando lhe oferecemos jiló (husky vegetariana!? parece passarinho a bichinha!).
Difícil tentar dar apoio. De verdade, fico muito triste por vc, compreendo sua dor, mas não sei direito o que dizer.
Tenta dar força pros seus pais, pro Sansão e pra Capitu tb. Imagino como estão tristes. Por mais que a gente espere (é o curso natural da vida), é sempre dilacerante ver alguém que amamos indo embora.
Se cuida, um beijo.
Entre lágrimas, relembrando minha Valentina, a única coisa que posso te dizer é que realmente são os nossos melhores amigos...
ResponderExcluirBeijos...
Lú
Babalu continuará viva em nossos corações,arrannhando a porta da cozinha, querendo sempre comida,tomando sol com o Sansão,não gostando de agrado...Ficam os filhos para a continuidade da família: o meigo Sansão e a espuleta Capitu. Salve os dálmatas!
ResponderExcluirOi Zé, esse foi f#*@. Acabei de chegar da veterinária, a Kaya (minha "vira") ta lutando pela vida. Depois de sucessivas convulsões ,o quadro neurológico dela esta todo bagunçado. Mas estou aqui torcendo pra ve-la latindo, correndo e resmungando.
ResponderExcluirMas é triste. A gente se apega a essa cachorrada.
O blog está maneiro...Abraço