segunda-feira, junho 20, 2011

Marcos e Rogério - O Santo e o Milagreiro Profissional


Não existe ídolo mais humano que Marcos. Mais humano porque decente, digno, nobre, raro. Para os que amam o futebol, mas amam ainda mais o ser humano, o que ele fez ontem foi mais uma atitude que só ele parece capaz de ter no futebol brasileiro de hoje. Seu time goleava e quando surge um pênalti, o estádio inteiro, como uma homenagem ao seu ídolo máximo, pede que ele faça a cobrança para. Quase toda a nação palmeirense quer que ele faça o gol. Os torcedores querem explodir de alegria com o gol de seu Santo goleiro. Querem lhe dar um presente, sentimento também compartilhado com os próprios jogadores do Palmeiras, que vão chamar Marcos para dar o chute da glória.
Numa sociedade e mundo cada vez mais midiático e sedento de fama, o lógico seria o ídolo, anestesiado pelo clamor da massa, ir lá e chutar.
Só que a única lógica que Marcos segue é a do seu caráter e coração, dois elementos poderosos que parecem ser a mesma coisa em sua imensa dignidade. Por isso ele pensou que ir lá fazer o gol seria uma ofensa ao novo e jovem goleiro do Avaí. Tomar gol de goleiro seria duro demais para um companheiro de profissão e um time modesto que já apanhava feio.
Assim é Marcos, sinônimo de respeito e de uma das raras estrelas capaz de ter compaixão no mundo das super estrelas do esporte. Perdão, eu erro. O Marcos de tantos títulos colossais com seu Palmeiras e com a Seleção Brasileira é estrela só no currículo. Pois na verdade é um dos sujeitos mais simples que já passou pelos gramados e história desse planeta.
Simples, justo e sempre decente também é o técnico Felipão, que ficou transtornado quando seus jogadores pediram para Marcos bater o pênalti. O treinador também foi totalmente contra uma homenagem que sua sabedoria e experiência sabiam que eram uma humilhação.

O outro personagem desta bela rodada foi um amigo de Marcos, Rogério Ceni. O Rogério goleador do qual Marcos nunca teve inveja por fazer gols e ele não. Mas o mito sãopaulino é notícia de novo não por balançar as redes mas sim pela espetacular atuação de ontem. 38 anos e ele segue pegando pênaltis, fazendo grandes defesas e pelo menos um milagre: o voo inacreditável e a espalmada, braços esticados, no chute de Diguinho que ia, violentamente, para o ângulo.
Mais que as defesas, porém, Rogério brilha também pela incrível força de vontade: mesmo tendo machucado o tornozelo há algumas rodadas, ele segue atuando sem ter se recuperado totalmente. Tem jogado com uma botinha no tornozelo, por isso tem evitado bater faltas. Sim, Rogério tem sede de recordes, está buscando a marca de maior número de partidas consecutivas com a camisa tricolor (107). Já tem 102. Mas a obsessão por recordes não diminui sua raça e raríssimo amor à camisa que o faz jogar com dor, com muita dor. E ele ainda sente-se na obrigação de dar o exemplo e liderar esse São Paulo cheio de garotos.
Com um mito tão guerreiro e exemplar, os garotos têm dado o sangue por seu ídolo e capitão. Essa é uma da razões desse São Paulo líder do Brasileiro e suas 5 vitórias seguidas.
Porque Rogério é um Profissional inacreditável, que se mata em campo pelas cores do time de sua vida (assim como faz Marcos no Palmeiras, ainda jogando depois de tantas contusões, e enfrentando suas inúmeras dores todo jogo).
Por isso é tão amado pelos sãopaulinos.
Por isso que este sãopaulino que aqui escreve não aceita mais uma desculpa de um jogador que alegou dores abdominais para não encarar a longa viagem até o Ceará e depois encarar o calor e pressão infernal em Fortaleza. Gozado, né, por que será que Dagoberto se machuca ou toma o terceiro cartão amarelo sempre antes de jogos disputados nos lugares mais longínquos?
Dores abdominais??? Precaução contra uma distensão? Mas alguém aí conhece alguém que já teve uma distensão no músculo mais forte de todo o nosso corpo, o abdome???
O futebol precisa de mais Marcos e Rogérios.

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