Com
ele, artistas viraram magos. Craques viraram super craques; e guerreiros,
deuses.
Com
ele, o futebol recuperou a poesia em prosa do jogo de toques com classe e passes
perfeitos e incisivos.
Com
ele todas as grandes equipes do passado voltaram a ser emuladas. Porque ele nos
lembrou que um dia o futebol também foi belo em outras cidades e países.
Com
ele, algumas palavras essenciais às equipes inesquecíveis foram resgatadas:
fidelidade a um estilo e coragem de atacar sempre.
Com
ele veio a revolução do jogo de toque vir acompanhado de uma colossal entrega física para recuperar a
bola e seguir atacando.
Com
ele os gols voltaram a ser maravilhosas jogadas coletivas, e os gols de placa
individuais ficaram ainda mais belos, por ele ter feito seus artistas treinarem
tanto.
Com
ele o futebol arte renasceu e evoluiu ainda mais, fazendo de cada jogo do seu
time um espetáculo tão belo quanto o mais belo espetáculo artístico e cultural.
Com
ele o futebol virou uma música e outras artes tão belas quanto rápidas e
envolventes, como se fosse possível um time ser múltiplo – música, dança
moderna, ballet, ópera, cinema etc – e também mover-se em ritmo alucinado do
bom e velho mas veloz fliperama dos anos 70/80.
Com
ele seus jogadores admiráveis mostraram-se também homens valorosos, raríssimas
estrelas humildes e homens de bem que não aparecem na mídia traindo esposas,
fazendo farras homéricas, empunhando metralhadoras, brigando ou fazendo todo
tipo de coisa vulgar.
Com
ele meninos viraram homens e campeões juntos. Com ele, as divisões de bases, as
canteras, viraram celeiro.
Com
ele o mundo do futebol, sempre ávido em gastar fortunas em contratações,
redescobriu as categorias de base e a necessidade de se valorizar os meninos.
Com
ele, um dos últimos treinadores românticos, o futebol voltou a ser um romance
de craques com a bola e o gol.
Com
ele nós voltamos a perceber como o futebol e o esporte podem ser bonitos.
Com
ele, aprendemos que devemos ouvir os mestres antigos para nos enriquecermos e
aprendermos, porque antes de brilhar no Barça ele procurou para conversas sem
fim os treinadores que ele mais admirava.
Porque
ele não é um treinador boleiro, desses que viveram a vida nos gramados e não
aprenderam nada fora dos campos.
Porque
ele trouxe ao futebol um pouco de sua vasta cultura, do seu amor pelo cinema e
poesia por exemplo.
Porque
ele só queria fazer uma coisa: implantar no time de seu coração a utopia de um
time jogando exclusivamente por amor ao futebol arte.
A dor
em Barcelona hoje é grande demais, mas em breve, algum lugar abençoado deste
mundo receberá o mestre e será mais feliz que nunca. E podem ter certeza que
ele vai escolher um lugar e uma camisa sinônimos de magia, mesmo que uma magia
meio esquecida no passado. Quem sabe por aqui...
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